Diva da música: Nina Simone - RENATA FONSECA

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Diva da música: Nina Simone

Olá pessoal!

Eu sabia que Nina Simone foi uma grande cantora, mas no documentário sobre ela que está no Netflix conheci um pouco mais sobre a vida dela. 

Excelente documentário!
Vamos saber mais um pouco sobre ela.

Eunice Kathleen Waymon (Tryon, 21 de fevereiro de 1933 – Carry-le-Rouet, 21 de abril de 2003), conhecida como Nina Simone, foi uma pianista, cantora, compositora e ativista pelos direitos civis dos negros norte-americanos.

O nome artístico foi adotado aos 20 anos, para que pudesse cantar blues escondida de seus pais, que não aceitavam sua opção de ser cantora, enquanto treinava para tornar-se uma pianista clássica, em bares de Nova York, Filadélfia e Atlantic City. Quando jovem foi impedida de ingressar no Instituto de Música Curtis na Filadélfia, apesar de ter cursado piano clássico no Juilliard School, em Nova York. Também se destacou por posicionar-se contra o racismo na crescente onda que tomava os Estados Unidos na década de 1960. Devido ao seu envolvimento, cantou no enterro de Martin Luther King.

Foi uma das primeiras artistas negras a ingressar na renomada Escola de Música de Juilliard, em Nova Iorque. Sua canção Mississipi Goddamn tornou-se um hino ativista da causa negra. Ao se apresentar em um evento militar em Forte Dix, Nova Jersey, em 1971, em plena Guerra do Vietnã, Nina Simone deu voz àqueles que eram contrários ao conflito.

Nina esteve duas vezes no Brasil, onde gravou "Pronta Pra Cantar (Ready to Sing)" com Maria Bethânia em 1990. Seu último show ocorreu em 1997 no Metropolitan.

Começou a tocar piano aos 3 anos. Demonstrando um talento natural com o instrumento, ela se apresentava na sua igreja local, que emprestava seus instrumentos musicais para os alunos pobres. Seu concerto de estreia, um recital clássico, foi realizado no seu aniversário de doze anos, no palco da igreja. Simone mais tarde revelou em entrevistas que durante essa apresentação seus pais, que sentaram-se na fileira da frente, foram forçados a sentar-se atrás do hall, para abrir espaço para os brancos. Simone, revoltada, disse que se recusou a tocar o piano, até que seus pais fossem movidos novamente para frente da plateia, como estavam antes. A artista revelou em entrevista que este fatídico incidente contribuiu para o seu envolvimento, anos mais tarde, nos movimentos pelos direitos civis dos negros.

A mãe de Simone, Mary Kate Waymon, era uma ministra metodista e empregada doméstica. O pai de Simone, John Divine Waymon, era um marceneiro, que também tinha o próprio negócio de limpeza a seco. O patrão de Mary Kate, ao ouvir falar sobre o talento da sua filha, disponibilizou certa quantia para suas aulas de piano. Mais tarde um fundo local foi feito para permitir o prosseguimento da educação de Simone. Com a ajuda do dinheiro dessas bolsas ela conseguiu frequentar a Allen High School for Girls na cidade de Asheville, na Carolina do Norte, cidade para a qual se mudou com a família aos dez anos de idade.



Após terminar o ensino médio com dezessete anos, e já trabalhando a três anos como empregada doméstica, ela tentou ingressar no instituto de música Curtis Institute, com a ajuda de um professor particular, a qual economizou muito para conseguir pagar, mas apesar do seu progresso nas aulas de piano, não foi selecionada para estudar no instituto. Simone percebeu que essa rejeição estava ligada diretamente à cor da sua pele, mesmo com a Curtis ter começado a aceitar candidatos negros na década de 1940 e do primeiro negro graduado ali ter sido George Walker em 1945, o qual viria a ganhar um Prêmio Pulitzer. Simone, então, em busca do seu grande sonho de trabalhar com a música, juntou dinheiro e mudou-se um ano depois, aos dezoito anos, para viver sozinha em Nova Iorque. Na cidade grande, começou a trabalhar como garçonete em um restaurante. Nesta época, após conseguir aulas gratuitas de piano em uma igreja, foi aprovada para estudar música em um Conservatório chamado Escola de Juilliard.
Para financiar as suas aulas no conservatório, ela começou a se apresentar no Midtown Bar & Grill, na Pacif Avenue, na cidade de Atlantic City, cujo dono insistia para que ela também cantasse, além de tocar piano. Mesmo tímida, começou a cantar, e se surpreendeu, pois todos gostaram muito, passando a apresentar-se fixamente ali. Em 1954 conheceu seu primeiro namorado: Don Ross, um jovem norte-americano de ascendência mexicana, que trabalhava como escritor de poesias em uma feira de artes da cidade de Atlantic City. Ele a apelidou carinhosamente de “Niña”, que significa “garotinha” em espanhol. A artista, então, achando bonito o apelido, decidiu modificá-lo e adotou o nome artístico de Nina Simone. O “Simone” surgiu do nome da atriz francesa Simone Signoret, a qual era fã, e que ela tinha visto pela primeira vez atuando no filme Casque d’Or. A mistura de jazz, blues e música clássica nas suas apresentações em início de carreira fizeram com que Nina Simone conquistasse um público pequeno, mas fiel.
Em 1956 ficou noiva de Don Ross, e em 1958 casaram-se, passando a viver em Atlantic City. Devido a constantes crises de ciúmes do marido e por ter descoberto diversas traições dele, Nina voltou a viver sozinha em Nova Iorque, e divorciou-se em 1959.
A Colpix proibiu que Nina efetuasse qualquer controle criativo na produção das músicas, incluindo a escolha do material que seria gravado, tendo que acatar as ordens da gravadora, e em troca ela poderia assinar o contrato com eles, mas Nina Simone não aceitou essa proposta. Nesta época apresentava-se em bares e boates da região cantando blues, jazz, R&b e soul, somente para ganhar um bom dinheiro para continuar seus estudos de música clássica, sendo indiferente sobre ter contrato com alguma gravadora, já que tinha bastante público como cantora solo, cantando suas próprias canções e fazendo alguns covers. Manteve essa atitude de afastamento em relação à indústria fonográfica durante a maior parte da sua carreira.
Nina Simone conheceu o detetive da polícia de Nova York, Andrew Stroud, em um de seus shows, em 1960. Com poucos meses de namoro foram morar juntos. Casaram-se em 1961. Em 12 de setembro de 1962, nasceu de parto normal, em Nova Iorque, a única filha do casal: Lisa Simone Waymon Stroud. Devido a desentendimentos frequentes, o comportamento agressivo do marido (com relatos dela e de amigos sobre espancamento) e o fato de seu marido querer que ela abdicasse da carreira em prol do matrimônio, culminou no segundo divórcio da cantora, em 1970, após nove anos de união, mas ambos permaneceram amigos. Stroud, mais tarde, se tornou seu empresário, administrando sua carreira artística.
Em 1964, já formada como musicista clássica, estava trabalhando para a gravadora American Colpix: Após o nascimento da filha, e passando por dificuldades financeiras, optou por voltar atrás e assinou o contrato, onde ficou por dois anos. Em 1964 assinou contrato com a gravadora holandesa Philips, o que também significou uma mudança no conteúdo das gravações. Simone sempre incluiu canções que remetiam à sua origem afro-americana em seu repertório. Em seu álbum de estreia na Philips, Nina Simone in Concert (gravação ao vivo de 1964), Simone pela primeira vez referiu-se à desigualdade social que prevalecia nos Estados Unidos com a canção Mississipi Goddamn; sua resposta ao assassinato de Medgar Evers e a explosão de uma igreja em Birmingham, Alabama, que matou quatro crianças negras. 
A partir de então, uma mensagem de direitos civis passou a estar presente nos repertórios de gravação de Simone, tornando-se parte das duas apresentações. Simone apresentou-se e discursou em muitos encontros pelos direitos civis, incluindo nas marchas de Selma a Montgomery. Simone defendeu, durante esse período de direitos civis, uma revolução violenta contra o preconceito racial, contrastando com a abordagem não violenta de Martin Luther King, e acreditava que os afro-americanos poderiam, através do combate armado, formar um estado separado. Realizou manifestações nas ruas e em frente à casa branca, batendo de porta em porta, chamando as pessoas para lutar contra o genocídio negro mundial, indo até à televisão pedir para os políticos que assinassem leis que modificasse a intolerância étnica que pairava sobre o país.
Junto de Weldon Irvine, Simone transformou a peça inacabada To Be Young, Gifted and Black, de Lorraine Hansberry, em uma canção pelos direitos civis. Apresentou a canção ao vivo no álbum Black Gold (1970). 
Nina ainda casada, embarcou para o seu primeiro show internacional em 1970, voando para a Itália. Após algumas semanas, voltou de viagem, e iniciaram-se novas brigas, devido aos ciúmes dele, a acusando de ter tirado a aliança de forma proposital para aproveitar sua viagem como solteira, o que fez o casal romper. Ambos reataram após algumas semanas separados, porém, devido a diversas brigas, onde ele queria que ela largasse a carreira profissional para cuidar melhor do casamento, fez com que Nina optasse pela separação oficial, no final desse mesmo ano. Por conta de sua filha, muito apegada ao pai, conseguiu manter uma relação amigável com seu ex-marido, que após bastante tempo desempregado, foi ajudado por Nina, que pediu para ele administrar sua carreira. Após seu segundo divórcio, Nina não quis mais casar-se novamente.
Na adolescência de sua filha, ambas enfrentaram muitas dificuldades de relacionamento, devido à rebeldia natural da idade de Lisa Simone e do comportamento explosivo e impaciente de Nina. Como forma de contrariar a mãe, em 1981, aos dezenove anos, Lisa decidiu sair de casa para seguir carreira na aeronáutica. Tudo que Nina não queria que a filha fizesse, pois temia pela vida da mesma se fosse convocada a uma guerra. Estava também enfrentado muitos dilemas pessoais, como ansiedade, insônia e nervosismo, devido à preocupação com a carreira e seus relacionamentos afetivos que não davam certo. Nesta época optou por se afastar do que já conhecia, e também numa tentativa de expandir sua carreira, tendo morado de 1981 a 1985 em Estocolmo, na Suécia, e de 1986 a 1991 em Amsterdã, nos Países Baixos, antes de se estabelecer em Paris, na França, em 1992, tendo se mudado para Carry-le-Rouet, no interior do país, em 1998. Nesta época decidiu não mais voltar ao seu país natal, pois já estava adaptada à França. Neste período já estava em uma melhor relação com a filha, que a visitava nas férias.
Gravou o seu último álbum pela RCA, It Is Finished, durante 1974. Simone não fez outra gravação até 1978, quando foi persuadida a voltar aos estúdios pelo dono da CTI Records, Creed Taylor. O resultado desse retorno foi o álbum Baltimore, que, apesar de não ter sido bem recebido comercialmente, recebeu uma boa acolhida da crítica e marcou seu renascimento artístico após seu breve período de reclusão.  Durante a década de 1980 Simone se apresentou com regularidade no Ronnie Scott’s Jazz Club, em Londres, onde gravou o álbum Live at Ronnie Scott’s em 1984. Em 1985 a Dra. Nina Simone, como gostava de ser tratada, chegou ao Brasil para um festival de jazz no Rio de Janeiro. Apesar do seu estilo de apresentação na juventude poder ser considerado muito melancólico e clássico, sendo distante de um estilo popular e animado, nos anos mais maduros de sua vida Simone parecia gostar de envolver, de vez em quando, a plateia contando anedotas relacionadas à sua carreira e música, e solicitando convidados para cantar junto dela no palco. Em 1987, a gravação de My Baby Just Cares for Me de 1958 foi usada em um comercial para o perfume Chanel Nº 5, no Reino Unido. Isso acarretou um relançamento da gravação, que estourou na quarta posição na parada de singles do Reino Unido da NME, dando-lhe um breve ressurgimento à fama no Reino Unido. Sua autobiografia, I Put a Spell on You, foi publicada em 1992. Gravou seu último álbum, A Single Woman, em 1993.
Em 1993 comprou uma mansão na cidade de Aix-en-Provence, no sul da França. Poucos meses depois, em exames de rotina, descobriu estar com um avançado câncer de mama, o que a deixou extremamente deprimida. Iniciou nesta época um tratamento de quimioterapia. Vendeu a mansão em 1998, decidindo mudar-se, em busca de um tratamento mais forte. Comprou, então, uma casa em Carry-le-Rouet. Ali iniciou uma radioterapia. Nesta época perdeu os cabelos e necessitou realizar uma mastectomia. Optou por isolar-se. Apesar do bom tratamento e o câncer não evoluir, a doença não foi totalmente vencida, iniciando um processo metastático, que espalhou-se por todos seus órgãos. Após dez anos lutando contra o câncer, Nina de Simone, ainda com uma carreira promissora e em ascensão, faleceu dormindo em sua residência na cidade de Carry-le-Rouet, em 21 de abril de 2003.
Nina Simone foi diagnosticada tardiamente como sendo portadora de transtorno bipolar do tipo 2. A doença não havia sido descoberta antes, pois estava encoberta por uma forte depressão, com episódios leves de hipomania, que foram intensificando-se com o tempo. Nina foi diagnosticada com depressão apenas com trinta anos de idade, onde nesta época iniciou tratamento com antidepressivos, mas seu tratamento não estava sendo eficaz, pois não sofria de uma depressão pura, mas esta era um dos sintomas do transtorno bipolar, doença psiquiátrica que a acompanhava desde a adolescência, mas só foi descoberta e tratada no fim dos anos 80, devido a suas constantes crises agressivas e súbita agitação, fazendo os médicos desconfiarem enfim do porque os antidepressivos não fazerem efeito. Com o diagnóstico de bipolaridade, passou a tomar medicamentos estabilizadores do humor. Nesta época precisou ser internada por diversas vezes para conter suas crises de ansiedade e pânico, onde também ocorriam recorrentes tentativas de suicídio. Para manter-se estável, iniciou tratamento com ansiolíticos e lítio, mantendo os antidepressivos, e passou a fazer tratamento psiquiátrico e psicoterápico. 
As cinzas de Simone foram espalhadas em vários países africanos, como era seu desejo. A artista teve somente uma única filha, chamada Lisa Simone Waymon Stroud, que, apesar de ter trabalhado nas forças armadas por dez anos, decidiu seguir os passos artísticos da mãe, e tornou-se atriz, compositora e cantora. A jovem atuou na Broadway em Aida.
Para quem gosta de documentário na Netflix What happened, Miss Simone.
Conheça a vida da cantora, pianista e ativista Nina Simone com gravações inéditas, imagens raras de arquivo, cartas e entrevistas de pessoas próxima da cantora. O documentário retrata uma das artistas mais incompreendidas de todos os tempos.
Direção: Liz Garbus

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nina_Simone#:~:text=Eunice%20Kathleen%20Waymon%20(Tryon%2C%2021,civis%20dos%20negros%20norte%2Damericanos.

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