Olá pessoal!
Quem nunca ouviu falar de Carmem Miranda a Pequena Notável?
A primeira atriz que levou o Brasil para Hollywood e fez muito sucesso.
Vamos saber mais sobre ela:
Maria do Carmo Miranda da Cunha (Marco
de Canaveses Portugal, 9 de fevereiro de 1909 - Beverly
Hills, EUA 5 de agosto de 1955), mais conhecida como Carmen Miranda, foi uma cantora e atriz brasileira, de nacionalidade portuguesa, mas radicada no Brasil desde os dez meses de idade. Foi considerada
pela revista Rolling Stone como
a 15ª maior voz da música brasileira,
sendo um ícone e símbolo internacional do Brasil no exterior.
Seu pai,
José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, sua
mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda
(1907-1931), e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca
voltou ao país onde nascera. No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na Rua da
Misericórdia, número 70, em sociedade com um conterrâneo.
Carmen
estudou na escola de freiras Santa Teresa, na Rua da Lapa, número 24. Teve o
seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando,
mas o seu biógrafo Ruy Castro diz
que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim
atraía clientes.
Em 1928, o
deputado baiano Aníbal Duarte apresentou Carmen Miranda a Josué de
Barros que trabalhava na Rádio Sociedade. Ele então
a apresentou ao diretor da Brunswick e em 1929, ela gravou sua primeira música, o
samba "Não Vá Sim'bora",
com autoria de Josué. Carmen Miranda foi então apresentada ao diretor da
gravadora RCA Victor, onde iniciou sua
carreira gravando "Dona
Balbina" e "Triste
Jandaia". Meses depois foram lançadas as músicas "Barucuntum" e "Iaiá Ioiô".
Apelidada
de "Brazilian Bombshell", Miranda é conhecida por seus exóticos
figurinos e chapéu com frutas que ela costumava usar em seus filmes americanos,
que fez deles sua marca registrada. A gravação de Ta-hí (Pra Você Gostar De Mim), escrita por Joubert
de Carvalho, a levou ao estrelato no Brasil como a principal intérprete
do samba na década de
1930. .
Seu
crescente sucesso na indústria fonográfica lhe garantiu um lugar nos primeiros
filmes sonoros lançados nos anos 1930.
Carmen Miranda participou de cinco musicais carnavalescos lançados nesse
período como Alô, Alô,
Brasil (1935) e Alô, Alô, Carnaval (1936). Em 1939, ela apareceu pela primeira vez
caracterizada de baiana, personagem que a lançou internacionalmente, no
filme Banana da Terra, dirigido por Ruy Costa. O musical apresentava clássico
como O que é que a baiana
tem?, que lançou Dorival Caymmi no cinema.
Sua
aparição seguinte no cinema foi em Alô, Alô, Brasil (1935), e seu
status de estrela da música popular foi refletido no fato dela ter sido
escolhida para se apresentar no número de encerramento do filme, a marcha "Primavera no Rio", que ela havia gravado pela RCA Victor em agosto de 1934. Carmen Miranda roubou o
show com este desempenho e o chefe dos estúdios da Cinédia, Adhemar Gonzaga,
decidiu torná-lo o musical final do filme.
Miranda
logo passou a ser chamada de "A Pequena Notável" - por causa da
estatura baixa, apelido dado nessa época, pelo radialista César
Ladeira.
Carmen
Miranda foi fundamental para o sucesso da próxima co-produção dos estúdios
Waldow-Cinédia, o musical Alô,
Alô, Carnaval, que contou com um elenco de
estrelas do mundo da música popular e do rádio, incluindo a irmã de
Carmen, Aurora Miranda. E pelos padrões
brasileiros da época Alô, Alô,
Carnaval foi uma grande produção. Carmen desempenhou claramente um
papel crucial na atração, como é evidenciado por um cartaz anunciando o filme,
que inclui apenas uma imagem, uma fotografia de corpo inteiro dela, apoiada
aparentemente em um grande cartaz listando os membros do elenco, com o seu nome
no topo. Quando uma cópia restaurada do filme foi lançado em 1974, foi
precisamente o seu número musical que foi escolhido para fechar o filme, em
reconhecimento do apelo duradouro da fama internacional de Carmen, bem como o
valor de entretenimento inerente da performance.
Sua
carreira no rádio inclui passagens pela Mayrink Veiga (1932-1936), Em 1936, Miranda assinou com a Tupi. Em novembro de 1937, com o fim do primeiro contrato com
a Tupi, a Mayrink a chamou de volta. Dois anos depois de ingressar na Odeon, ela já era o mais popular e bem pago nome da música
brasileira.
Em
1939, ela apareceu pela primeira vez caracterizada de baiana, o último filme
brasileiro de Carmen Miranda foi outro musical carnavalesco, Banana
da Terra personagem que a lançou internacionalmente, dirigido por Ruy
Costa. O musical apresentava clássico como O que
é que a baiana tem?, que lançou Dorival Caymmi no
cinema. A única parte do filme que sobreviveu ao tempo é a sequencia em
que Carmen executa a canção de Dorival Caymmi. Carmen
apareceria vestindo o traje de "baiana", e foi esta versão estilizada de seu figurino que instaurou o estilo
que a consagrou no mundo todo.
Em 1939, o
produtor da Broadway, Lee
Shubert, ofereceu a Miranda um contrato de oito
semanas para se apresentar em The
Streets of Paris depois de vê-la no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro.
No ano seguinte, ela fez sua estreia no cinema
americano no filme Serenata Tropical, ao lado de Don Ameche e Betty Grable. Naquele
ano, Miranda foi eleita à terceira personalidade mais popular nos Estados
Unidos, e foi convidada para se apresentar junto
com seu grupo, o Bando da Lua, para o
presidente Franklin Roosevelt na Casa
Branca.
Quando se
apresentava no Cassino da Urca, nos
dias que antecederam o carnaval de 1939, vestida como "baiana", e
acompanhada pelo Bando da Lua, Carmen
Miranda chama a atenção do produtor norte-americano Lee Shubert,
dono da Select Operating Corporation, que administrava metade dos teatros
da Broadway, o empresário ficou impressionado com o seu talento e a
contrata para seu espetáculo intitulado "The Streets of Paris". Mas a execução do contrato não
foi imediata, pois Miranda fazia questão de levar consigo o Bando da Lua,
apesar de Shubert estar apenas interessado nela. O impasse foi resolvido graças
à intervenção de Alzira Vargas, que garantiu o embarque dos integrantes do
Bando da Lua. Carmen Miranda então partiu no navio S.S. Uruguay em 4
de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.
Miranda
chegou à Nova Iorque em 18 de maio. Ela e o Bando da Lua fizeram sua primeira apresentação na Broadway em 19 de junho de 1939, em As
Ruas de Paris, uma revista musical estrelada
por Bobby Clark, os comediantes Abbott & Costello, Luella Gear e o
cantor Jean Sablon entre os principais artistas. Estreou inicialmente no
Shubert Theatre de Boston em 29
de maio de 1939. Embora a parte de Miranda fosse pequena, ela recebeu
boas críticas e se tornou uma sensação na mídia.
A exótica
"baiana" agradou aos norte-americanos, mas despertou polêmica entre
os brasileiros, com suas vestes estilizadas e o arranjo de frutas tropicais que
carregava sobre a cabeça – marcas definitivas de sua imagem – Carmen Miranda,
acabou por expor ao mundo uma visão caricata e estereotipada do Brasil. No auge
da “política
de boa vizinhança” entre os Estados Unidos e a América Latina,
sua imagem era explorada pelos estúdios à exaustão. Tal exposição internacional
fez despertar na intelectualidade brasileira um certo sentimento de desprezo
por sua figura.
Ela fez um
total de catorze filmes nos EUA entre a década de 1940 e década de 1950, nove deles somente na 20th Century Fox. Embora aclamada como uma artista talentosa, sua
popularidade diminuiu até o final da Segunda Guerra Mundial. O seu talento como cantora e performer, porém, muitas
vezes foi ofuscado pelo caráter exótico de suas apresentações. Miranda tentou
reconstruir sua identidade e fugir do enquadramento que seus produtores e a indústria
tentavam lhe impor, mas sem conseguir grandes avanços. De fato, por todos os
estereótipos que enfrentou ao longo de sua carreira, suas apresentações fizeram
grandes avanços na popularização da música brasileira, ao mesmo tempo, abrindo o caminho para o aumento da
consciência de toda a cultura Latina.
Em 1940, era lançado Laranja da China, filme da trilogia
da qual fazia parte Banana da
Terra. Estreado quando Carmen já estava nos EUA, não podendo mais contar
com a participação da artista, mas capitalizando em cima da sua popularidade,
reaproveitou-se de Banana da
Terra a cena em que ela aparece cantando "O Que É que a Baiana Tem?".
Em uma apresentação no Cassino da
Urca em 15 de julho de 1940, depois de sua volta
dos Estados Unidos, com a presença de políticos importantes do Estado
Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". Entre os
seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas
contrárias a norte-americana. Dois meses depois, Carmen Miranda voltaria ao
mesmo palco e seria fartamente aplaudida por uma plateia mais afeita ao seu
repertório, então já atualizado com respostas como "Disseram que Voltei Americanizada", especialmente
composta por Vicente Paiva e Luiz Peixoto, no mesmo mês gravou
seus últimos discos no Brasil.
Assim que
a notícia da mais recente estrela da Broadway, chamada de "Brazilian
Bombshell", chegou a Hollywood,
a Twentieth Century-Fox começou a desenvolver um filme para apresentá-la. Lançado
em 1940, Serenata Tropical foi um grande sucesso, e criou um tipo de musical
hollywoodiano totalmente novo, que definiria em grande parte o avançado estilo
da Fox durante a década seguinte, apresentando o popular Don Ameche e a novata Betty Grable, o filme se tornou o musical número 1 do estúdio naquele
ano, gerando três indicações ao Oscar.
Down Argentine Way é
considerado o primeiro de muitos filmes feito pela Fox para implementar a
chamada "Política de Boa Vizinhança"
do presidente Franklin D. Roosevelt em
relação à América Latina. Durante
a Segunda Guerra Mundial, o governo
dos Estados Unidos desenvolveu uma agência
administrativa para incentivar as boas relações com a América Latina, devido a
crescente influência nazista na
região. Os filmes eram muito populares nos Estados Unidos, mas não bem sucedido
como propaganda destinada a América Latina porque faltava autenticidade
regional. Carmen Miranda assinou um contrato com a Fox em 1940, enquanto estava
aparecendo em The Streets of
Paris, como não poderia ir a Hollywood, seus números para o filme foram filmados em Nova
Iorque.
Carmen
Miranda foi a primeira artista latino-americana a ser convidada a imprimir suas
mãos e pés no pátio do Grauman's Chinese Theatre, em 1941. Ela também se tornou a primeira sul-americana a ser homenageada com uma estrela na Calçada
da Fama. A sua figura, para muito além da música, seria uma
influência permanente na cultura brasileira, da Tropicália ao cinema.
Em 24 de março de 1941,
Carmen Miranda tornou-se a primeira latino-americana ser convidada a colocar
suas mãos e pegadas no cimento do pátio do Grauman's Chinese Theatre.
Em 1942,
a 20th Century-Fox pagou US$ 60
mil para Lee Shubert encerrar seu
contrato com Miranda, que terminou a turnê de Sons O'Fun e começou a filmar Minha Secretária Brasileira, uma comédia musical estrelada ao lado de Betty
Grable, com John Payne e Cesar Romero.
O filme tornou-se um sucesso comercial, chegando a entrar para a lista dos mais
rentáveis do ano.
Em 1943,
ela apareceu em Entre a
Loura e a Morena de Busby Berkeley.
O papel de Carmen Miranda como Dorita caracterizou definitivamente sua carreira
como a "The Lady in the Tutti-Frutti Hat". Até então, Miranda parecia
estar presa a papéis exóticos, e seu contrato com o estúdio ainda a forçava a
aparecer em eventos com seus figurinos extravagantes. The Gang's All Here foi um dos
10 filmes de maior bilheteria de 1943 e a produção mais cara do Fox no ano, além
disso, recebeu uma indicação ao Oscar de melhor direção de arte.
Em 1944,
Miranda também estrelou com Don Ameche em Serenata Boêmia, um musical da Fox com William Bendix e Vivian Blaine.
O filme foi mal recebido.
O terceiro
filme com Carmen Miranda lançado em 1944 foi Alegria, Rapazes!, uma comédia baseada num musical de sucesso da Broadway
do ano anterior, com música e letras de Cole Porter. Este seria o primeiro dos seus filmes sem William Le
Baron ou Darryl F. Zanuck como produtor.
Em 1945,
Carmen Miranda foi a mulher mais bem paga dos Estados Unidos, segundo o Departamento do Tesouro, ganhando mais de 200 mil dólares no ano.
Com o fim
da Segunda Guerra Mundial, os filmes seguintes de Carmen Miranda na 20th
Century Fox foram feitos em preto-e-branco, o
que refletia o interesse cada vez menor de Hollywood nela e na representação dos latino-americanos em
geral. A Carmen monocromática apresentada
nestes musicais não era o que o público esperava, e isso, sem dúvida,
contribuiu para reduzir o apelo de bilheteria do musical Sonhos de Estrela (1945), no qual Miranda foi rebaixada para a quarta
posição no elenco. Seu papel de Chita Chula era anunciado no filme como "a
pequena dama do Brasil", e não passava de um personagem cômico
infinitamente alegre confidente da personagem principal, Doll Face interpretada
por Vivian Blaine.
Com o fim
de seu contrato em 1 de janeiro de 1946, ela tomou a decisão de prosseguir a sua carreira de
atriz livre das limitações dos estúdios. Sua ambição era mudar sua imagem e
assumir papéis diferentes no cinema, com isso aceitou uma oferta da United
Artists de desempenhar o principal
papel na comédia Copacabana ao lado de Groucho Marx. No entanto,
fragmentos de sua velha caricatura foram mantidos neste musical, no qual ela
interpreta dois papéis distintos, o da loira Mademoiselle Fifi, e o da cantora
brasileira Carmen Navarro. Copacabana recebeu
críticas positivas e obteve breve sucesso em Nova Iorque. Porém o filme não atraiu comentários entusiásticos nem
as multidões que os musicais da Fox haviam atraído durante a guerra, e por
melhor que fosse a sua atuação, representar dois papéis quase idênticos ao dos
seus antigos filmes, significava que ela não havia conseguido escapar do seu estereótipo.
Seu projeto
seguinte no cinema foi um filme produzido por Joe Pasternak para
a MGM, O Príncipe
Encantado, lançado em 1948, era uma comédia
em que Miranda aparece a maior parte das vezes sem a roupa de
"baiana", utilizando trajes simples, porém atraentes, criados
por Helen Rose. Os críticos concordaram
que ela era o melhor que um filme sem maior interesse tinha a oferecer.
Embora sua carreira
cinematográfica estivesse em declínio, a carreira musical de Carmen Miranda
permaneceu sólida, ela ainda era uma atração popular em casas noturnas e na
televisão. De 1948 a 1950, Miranda se uniu com Andrews Sisters para produzir
e gravar uma série de singles pela Decca Records.
Na primavera de 1948, Miranda embarcou em uma turnê de seis semanas no London
Palladium, a partir de 26 de abril. A Europa, e
especialmente Londres, era então o principal
escoadouro para os artistas americanos durante o pós-guerra.
Em seu último filme, Morrendo de Medo (1953)
estrelado pela dupla Dean Martin e Jerry Lewis, ela acabou
representando um papel secundário e que pouco aparece na história, o filme foi
duramente criticado. A maioria de suas cenas foi eliminada na sala de
montagem. Ainda em 1953, Miranda empreendeu uma excursão pela Europa,
uma turnê de shows que a levou a 14 cidades
na Itália, Suécia (chegou a receber simbolicamente as chaves da
cidade de Estocolmo), Finlândia, Bélgica e Dinamarca.
Desde o início de
sua carreira americana, Carmen Miranda fez uso de barbitúricos para poder dar
conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas, pois,
na época, elas eram receitadas pelos médicos sem muitas preocupações com
efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros
remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por conta do uso cada vez mais
frequente, Miranda desenvolveu uma série de sintomas característicos do uso de
drogas, mas não percebia os efeitos devastadores, que foram erroneamente
diagnosticados como estafa (cansaço) por médicos americanos.
Em 3 de
dezembro de 1954, ela retornou ao Brasil após uma ausência
de 14 anos viajando, Carmen Miranda continuava casada e estava passando por
problemas conjugais com o marido. Seu médico brasileiro constatou a dependência
química e tentou desintoxicá-la. Para isso ela precisou ficar internada por
quatro meses numa suíte do hotel Copacabana Palace. Miranda melhorou,
embora não tenha abandonado completamente os remédios. Os exames realizados no
Brasil não constataram alterações de frequência cardíaca.
Ligeiramente recuperada, Carmen
Miranda retornou para os Estados Unidos em 4 de
abril de 1955. Imediatamente começou com as apresentações. Fez uma
turnê por Las Vegas, para a inauguração do Cassino New Frontier, onde
ficou por seis semanas, em seguida embarcou para uma temporada de duas semanas
no clube Tropicana em Havana, Cuba.
De volta a Los Angeles, ela
recebeu uma proposta da CBS de ter seu próprio programa semanal na
televisão, "The Carmen Miranda Show", que seria co-estrelado
com Dennis O'Keefe, em um gênero parecido com I Love Lucy. Mas antes disso, concordou em gravar uma
participação no programa de Jimmy Durante para
a NBC em 4 de agosto de 1955.
Carmen
Miranda foi encontrada morta em um corredor de sua casa em Beverly Hills na
manhã de 5 de agosto de 1955. A
atriz havia terminado na noite anterior as filmagens de um episódio do The
Jimmy Durante Show para a NBC. Após o último take, Miranda e Durante
fizeram uma performance improvisada no set para o elenco e técnicos. E em
seguida alguns membros do elenco e amigos foram convidados por ela para uma
pequena festa em sua casa.
Seu médico
particular, Dr. WL Marxer, foi chamado às pressas, mas ela já estava morta. Ele
disse ao Los Angeles Times que Carmen Miranda não tinha histórico de problemas
cardíacos e que, além de uma breve bronquite nas últimas semanas a estrela
encontrava-se em perfeita saúde.
Heron
Domingues, da Rádio Nacional do Rio
de Janeiro, foi o primeiro a noticiar a morte da
cantora em edição extraordinária do Repórter Esso. Todas as emissoras
interromperam suas programações para darem, em edição extra, o triste
acontecimento. Edições extras de jornais ainda circularam no próprio dia 5, no
sábado era manchete em todos os jornais do país e do mundo.
Somente na
manhã do dia 12 de agosto, o avião
Douglas DC-4 Skymaster da Real-Aerovias Brasil, em voo especial, pousava
no Aeroporto do Galeão, no Rio,
trazendo o corpo de Carmen Miranda. Em um caminhão aberto do Corpo
de Bombeiros do Distrito Federal e envolto com a bandeira do Brasil, o ataúde de bronze foi levado para o centro da cidade
escoltado por batedores da Policia Especial em motocicletas, com sirenes
abertas. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado no
saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até
o Cemitério São João Batista foi
acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente,
em surdina, "Taí", um de seus maiores sucessos. Foi a maior
manifestação popular feita no Rio de Janeiro até hoje.
Foi durante as filmagens de Copacabana (1947) que Carmen
Miranda conheceu seu futuro marido, David Sebastian (1908-1990), que nos
créditos aparece como assistente de produção. Os dois se casaram no
dia 17 de março de 1947 na Igreja do Bom
Pastor em Beverly Hills, em uma cerimônia celebrada pelo
reverendo Patrick J. Concannon. O casamento é apontado por todos os seus
biógrafos como o começo de sua decadência moral e física. Seu marido, antes um
simples empregado de produtora de cinema, tornou-se seu "empresário"
e conduzia mal seus negócios e contratos. Também era
alcoólatra, agredia e humilhava Carmen, e a estimulou a consumir
bebidas alcoólicas, das quais logo se tornaria dependente. O relacionamento
entrou em crise já nos primeiros meses, por conta de ciúmes excessivos, brigas
e traições. Em 27 de setembro de 1949 o casal chegou a
anunciar a separação alegando "dificuldades conjugais". Mas
dois meses depois, reataram o matrimônio.
Carmen
Miranda era uma católica convicta e não aceitava o desquite. Após diversas tentativas frustradas para conseguir ser
mãe, onde por um ano fez diversos tratamentos, ela conseguiu engravidar
em 1948, mas sofreu um aborto
espontâneo no início da gestação, em Nova
Iorque, depois de uma apresentação, e ficou
hospitalizada por alguns dias. Devido a forte hemorragia, que comprometeu seu aparelho reprodutor, a artista
descobriu ter ficado estéril, o que
agravou demais suas crises de depressão,
levando a um uso excessivo e descontrolado de bebidas, cigarros, antidepressivos, ansiolíticos e calmantes.
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