Olá pessoal!
Nara morreu a muitos anos, mais uma cantora que
ouvia muito na infância. O GLOBOPLAY fez uma série documental espetacular sobre
ela.
Era uma grande cantora!
Nara Lofego Leão (Vitória, 19 de janeiro de 1942 — Rio de
Janeiro, 7 de junho de 1989) foi uma cantora, compositora e instrumentista brasileira.
Nara nasceu em Vitória e mudou-se
para o Rio de Janeiro quando tinha apenas um ano de idade, com os
pais e a irmã, a jornalista Danuza Leão.
Durante a infância, Nara teve
aulas de violão com Solon Ayala e Patrício Teixeira,
ex-integrante do grupo Os Oito Batutas, de Pixinguinha. Aos 14 anos,
em 1956, resolveu estudar violão na academia de Carlos
Lyra e Roberto Menescal, que funcionava em um quarto-e-sala na rua Sá
Ferreira, em Copacabana. Aos 18 anos, Nara tornou-se professora da academia.
Em 1957 teve seu
primeiro namorado, Roberto Menescal, seu amigo da época de escola e que
frequentava sua casa nas reuniões musicais. O relacionamento terminou de forma
amigável em 1958. Após muito tempo afastada das aulas, decide abandonar os
estudos no segundo ano colegial para se dedicar somente a estudar música.
A bossa nova nasceu
em 1957, quando Nara fazia reuniões no apartamento de seus pais,
localizado no edifício Champs-Elysées, das quais participavam nomes que seriam
consagrados no gênero, como Roberto Menescal, Carlos Lyra, Chico
Feitosa e Ronaldo Bôscoli.
Em 1958 arrumou seu
primeiro emprego. Como secretária de redação do “Tabloide UH”, caderno de
utilidades comandado por Alberto Dines no jornal Última Hora, cujo dono era
Samuel Wainer, marido de Danuza Leão e cunhado de Nara. Em menos de
um ano, a jovem Nara foi promovida a repórter do tabloide.
Ainda como secretária, Nara
conheceu Ronaldo Bôscoli, redator, envolvido com a música, o que aproximou os
dois. Ele passou a frequentar a casa de Nara nas rodas musicais. Em 1959,
Nara e Bôscoli começam a namorar. Nesse período de namoro, Nara começa a se
destacar como cantora. O namoro com Bôscoli terminou em 1960, quando ele a
traiu com a cantora Maysa, durante uma turnê em Buenos Aires.
Ainda em 1960, já se apresentando pelo país
com seu grupo de amigos em pequenos shows de bossa nova, conhece o cineasta
moçambicano Ruy Guerra. Os dois começaram a namorar no mesmo ano.
Em 1961, Nara e Ruy foram viver juntos na casa dele. No ano
seguinte, 1962, decidem casar-se numa pequena cerimônia civil.
Em 1963, lança-se
profissionalmente no show Trailer do que seria o
musical Pobre Menina Rica,
de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, na boate Au Bon Gourmet, em Copacabana. No final do mesmo ano, Nara grava
o seu primeiro disco, lançado em janeiro do ano seguinte, incluindo seus
primeiros sucessos nacionais. Começa a se apresentar na televisão. Nesta
época passa a se apresentar como cantora solo em boates do Rio, mas não se
considerava ainda uma profissional. Ela rompe com a bossa nova, passando a
cantar outros gêneros musicais, se interessando em cantar também samba de
morro. No começo fora criticada, por acharem que ela combinava com bossa e ter
sempre que cantar bossa, mas depois fora muito aplaudida, pois sua musicalidade
se encaixava em qualquer melodia.
A estreia profissional se deu
quando da participação, ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos
Lyra, na comédia Pobre Menina
Rica (1963). O título de musa da Bossa Nova foi a ela creditado pelo
cronista Sérgio Porto. Mas a consagração efetiva ocorre após o golpe
militar de 1964, com a apresentação do espetáculo Opinião, ao lado de João do
Vale e Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão
imposta pelo regime militar. Nota-se que Nara Leão vai mudando suas
preferências musicais ao longo dos anos 1960. De musa da Bossa Nova, passa a ser
cantora de protesto e simpatizante das atividades dos Centros Populares de
Cultura da UNE. Embora os CPCs já tivessem sido extintos pela ditadura,
em 1964, o espetáculo Opinião tem
forte influência do espírito cepecista. Em 1966, interpretou
a canção A Banda,
de Chico Buarque no Festival
de Música Popular Brasileira (TV Record), que ganhou o festival e
público brasileiro.
Nara também aderiu
ao movimento tropicalista, tendo participado do disco-manifesto do
movimento - Tropicália ou Panis
et Circensis, lançado pela Philips em 1968 e disponível hoje
em CD.
Em 1965, a cantora passa a
ficar mais conhecida, não somente por sua belíssima voz, mas também por sua
opinião sincera e polêmica sobre os assuntos que envolviam o país, como a
ditadura, concedendo diversas entrevistas no rádio e na TV.
Neste
mesmo ano de 1965, Nara e Ruy se divorciam, devido a irreconciliáveis
diferenças conjugais. Ela decide tirar férias, e viaja por toda Europa e Nova York,
onde além de passear, fez terapia e cursos voltados a música e ao teatro. Nessa
época começou a ganhar mais dinheiro ao trabalhar como apresentadora de
programas de TV, paralelamente continuou a gravar discos e fazer shows. No fim
de 1966, Nara conheceu e começou a namorar o cineasta Cacá Diegues. Em seis meses de namoro, o
casal noivou.
Em 26 de
Julho de 1967 casou-se no civil e na igreja com Cacá Diegues,
dando uma grande festa na residência de seus pais, e passa a assinar Nara
Lofego Leão Diegues. No fim do ano, surge um convite para Nara cantar
em Paris. Ao voltar para o Rio, e por influência do marido, volta a fazer
curso de teatro e começa a fazer participações como atriz no cinema.
No ano de 1968 começa a
apresentar musicais em teatros de Ipanema. Também passa a se envolver mais
com política, e junto com o marido, participa de protestos e manifestações
públicas contra a ditadura.
Em 1969, Nara aparece
cantando rapidamente no filme dirigido pelo marido, Os Herdeiros, assim como também Caetano
Veloso. Diminui seus shows no
Brasil, pois se vê ameaçada no país. O governo estava mandando prender alguns
artistas, devido à censura. Recebe um convite e viaja para fazer uma temporada
em Portugal. Neste ano sua carreira já a estava incomodando, pois não
podia ir em nenhum lugar sem ser perseguida por fãs. Estava visivelmente
estressada.
Em agosto de 1969,
viaja para Londres, onde nas rádios e TV's locais dá entrevistas dizendo
que sua carreira de cantora está encerrada. Ela e o marido voltam ao Brasil, na
esperança de estar tudo mais calmo, como noticiavam as rádios. Assustada com
informações de que poderia ser presa, ela e o marido viajam para Paris, onde
compram uma casa e passam a morar.
Em 1970 volta atrás em
sua decisão de encerrar a carreira de cantora e passa a fazer pequenos shows
pela Europa. No início do ano descobre estar grávida. Em 28 de
setembro de 1970, em Paris, onde o casal morava há alguns anos,
nasceu a primeira filha de Cacá e Nara, Isabel Diegues. Em abril de 1971, quando
a filha completou 7 meses de vida, Nara descobre estar novamente grávida.
Em 1º de
janeiro de 1972, Nara e Cacá voltam a morar no Brasil, pois queriam
ficar mais próximos da família, e a situação política do país já havia
melhorado consideravelmente, não havendo mais risco de prisão de artistas. No
dia 17 deste mesmo mês, no Rio, no bairro de Copacabana, nasce o segundo filho
do casal: Francisco Leão Diegues.
Nara passa a gravar algumas
músicas e participar de pequenos festivais. Não quer mais a agitação da
carreira que antes tinha, e passa a se dedicar exclusivamente ao marido e aos filhos. Ainda
em 1972 ela faz um dos papeis principais do filme musical
de Cacá Diegues, Quando o
Carnaval Chegar.
Em 1973 participa como
atriz de alguns filmes e passa a fazer pequenos shows pelo Brasil. Neste ano,
volta a estudar, e termina o último ano do colegial, atual ensino médio.
Em 1974, passou no
vestibular de Psicologia na PUC-RJ. Agora que tinha diminuído
seu ritmo de trabalho, passa a se dedicar aos estudos, filhos e casamento, sem
deixar a música de lado. Nara planejava abandonar a música, mas não chegou a
deixar a profissão de cantora, apenas diminuindo o ritmo de trabalho e
modificando o estilo dos espetáculos, pois considerava muito cansativa a vida
de uma cantora, já que agora tinha uma família para se preocupar constantemente.
No ano de 1975 gravou e
lançou apenas um disco, que foi sucesso de vendas, o que a fez ganhar o troféu
de Melhor Cantora do Ano.
Em 1976 não trabalhou,
e tirou este ano para estudar e cuidar dos filhos, do marido e do lar.
Em 1977 volta com força, lançando novos discos, viajando o Brasil e
participando de espetáculos, fazendo novas amizades no ramo musical, que lhe
abriram portas, gravando música de outros cantores, também escrevendo e
compondo suas melodias, e se apresentando em rádio e TV, inclusive fora do
país.
Nara e Cacá se
divorciaram em 1977, após 10 anos de casados, e assim a cantora voltou a usar
seu sobrenome de solteira. Ela saiu da casa do marido com os filhos e foi morar
sozinha com eles em uma casa que tinha há alguns anos. Sua depressão voltou
mais forte, e Nara voltou a fazer terapia e passou a se dedicar intensamente a
música, fazendo seu sucesso aumentar a cada dia mais. Ela não se casou
novamente. No ano de 1978, divulgou discos e passa a fazer shows
nacionais e internacionais. Sua faculdade de psicologia foi interrompida para
Nara manter sua agenda de cantora.
Em 1979,
enquanto fazia muito sucesso, passou por um episódio onde sentiu-se muito mal,
com dores fortes de cabeça, tonturas e desmaiou, acabando internada. O verdadeiro
motivo não foi identificado naquela ocasião e ocorreram diagnósticos
conflitantes, desde causas psicológicas a problemas cardíacos, envolvendo a
válvula mitral.
Nos anos 80 fez muito
sucesso, viajando o Brasil e o mundo, lançando novos discos, gravando canções,
atuando em musicais no teatro e fazendo parcerias musicais. Nesta época viajou
para o Japão, onde divulgou a Música Popular Brasileira. De vez em quando
passava mal em algum show, mas logo se restabelecia. Começa a fazer shows
sozinha com seu violão, e também volta a se interessar por política,
participando de eventos públicos a favor da eleição direta para presidente no
Brasil.
Em 1986 sua
saúde piorou, passando a ter dores mais fortes de cabeça e esquecimento das
coisas que fazia. Sua dose de remédios fora aumentada, e após diversos exames,
que nunca mostravam a causa de suas dores, descobriu-se, então, que o grande
problema era um tumor maligno no cérebro. Para descobrir a causa do coágulo,
seria necessário realizar uma biópsia, para extrair o tumor, mas ele se
encontrava em uma área nobre do cérebro, a da fala, o que impossibilitaria
qualquer intervenção no local. Caso fizesse qualquer procedimento no local,
Nara poderia ficar em estado vegetativo, e parar de andar, falar, ouvir e
enxergar. Os médicos preferiram que ela tomasse medicações contínuas, em vez de
arriscar uma cirurgia que poderia matá-la ou deixá-la inválida. Assustada e
muito deprimida, Nara passou a maior parte do ano em repouso, sendo cuidada pelo
seu namorado Marco Antonio Bompet, seu secretário e produtor Miguel Bacelar e
sua irmã Danuza Leão. Apesar de estar doente, quando se sentia melhor fazia
pequenos concertos pela Zona Sul do Rio.
Em 1987 e 1988,
teve uma considerável melhora de saúde e passa a fazer temporadas de shows em
casas noturnas do Rio, muitos deles em companhia de seu ex-namorado, Roberto
Menescal, que tinha deixado suas funções de executivo da gravadora Polygram e
voltara a atuar como músico.
Em 1989 fez sua última
apresentação no Pará. Ao voltar para o Rio, sua saúde piorou, com dores
que não passavam nem com a medicação prescrita pelo médico. A crise se deu após
uma convulsão, quando a cantora precisou ser internada às pressas. Nara entrou
em estado pré-comatoso e, pouco depois, em coma. Após passar um bom tempo no
hospital, o tumor repentinamente rompeu-se, e Nara teve uma hemorragia fatal,
não havendo tempo hábil para que os médicos pudessem salvá-la. A cantora morreu
na Casa de Saúde São José, em 7 de junho, uma quarta-feira, ao
meio-dia, e sepultada no Cemitério de São João Batista, também na capital
fluminense.
Seu último disco foi My foolish heart, lançado naquele
mesmo ano, interpretando versões de clássicos americanos.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nara_Le%C3%A3o
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