Estilista Ney Galvão - RENATA FONSECA

terça-feira, 16 de junho de 2020

Estilista Ney Galvão

Olá pessoal!
Um amigo e colega historiador postou no facebook sobre estilista que fez grande sucesso e é aqui da Bahia e no Brasil.
Vamos saber mais sobre a carreira desse grande profissional.

Ney Galvão (Itabuna, 11 de janeiro de 1952 — São Paulo, 15 de setembro de 1991) foi um estilista brasileiro.

Em janeiro de 1974, surgia na Bahia um estilista que, em poucos meses, se revelaria um dos grandes profissionais da alta costura. Criando um estilo bem pessoal, Ney Galvão conquistou, de imediato, a preferência da mulher baiana na arte do bem vestir.

Nascido em Itabuna, em 1952, caçula de sete irmãos, mescla de índio e português. Ney Galvão, que sonhava ser médico psiquiatra, formou-se em Belas Artes na UFBA e jamais podia imaginar que o destino reservava outro caminho.

O interesse por moda surgiu como consequência do fascínio exercido por ela nos anos 60, quando as quatro irmãs se arrumavam a qualquer hora do dia para sair. Então ele dava palpites, interferindo sempre nas roupas.

Aos poucos, era visto como um personagem exótico – pintava o rosto com teia de aranha, usava macacões dourados, sandália havaiana (que foi feita para mulheres), amarrava um bolso e um cós na calça Lee (customização): o seu pulsar criativo interferia na sua própria maneira de apresentar-se ao mundo.

Já em Salvador, nos anos 70, começou a trabalhar com artesanato, o que aprimora ainda mais o seu fazer artístico. Desde então, começou a costurar para sua amiga Fátima Costa Teixeira, e ela foi ficando com fama de ser "louca" e bem vestida. No corpo desnudo da modelo e amiga, Ney iniciava seu trabalho com tecidos, criava a escultura da roupa (moulage) e, aos poucos, iam surgindo os frutos do seu talento.



Focado na mulher e demonstrando pouco interesse na moda masculina, Ney se revelava antimachista: o seu objeto de arte era o corpo feminino. Sempre buscava, nas formas, maneiras de como a mulher poderia transcender sua beleza e sensualidade libertando-se das amarras opressoras da figura masculina. Como chegou a declarar em uma entrevista à jornalista Eleonora Ramos: "A culpa é do homem. A causa é o marido repressor. Algumas dizem: Olha, segura o decote, senão na hora ele não me deixa sair. Isso até prejudica meu trabalho. Não fico à vontade. Tem horas que gostaria de fazer um vestido louquíssimo, pernas de fora, peito saindo, essas coisas, e não posso..."

"A Moda é Cultura, Sonho e História"
Ney Galvão

Na década de 70, Ney começou a fazer desfiles e a aparecer no vídeo, em Salvador, falando de moda. Nilza Barude o lançou num programa de variedades, "Ponto Cinco", na TV Itapoan, antiga Tupi.

Ney já era denominado em 1977, por importantes jornais locais de "Fashion Designer", mesclando temas como cultura afro-brasileira, praia, artesanato, tropicália e sensualidade a materiais como cetim, algodão, crepe, brocados, sedas, palha da costa e penas, entre outros. Ele tentava criar uma moda genuinamente brasileira, uma moda local, resgatando as Gabrielas cravo e canela, as Marias Bonitas adormecidas, assim conseguia valorizar a silhueta da mulher brasileira, sem se preocupar com as tendências da moda europeia.

Como declarou, certa feita, ao Jornal da Bahia, em 1973: "Não poupe as riquezas do Brasil nas criações das suas roupas. Viva a tropicália. Abuse do algodão brasileiro, dos chitões floridos, dos babados" e, em seguida, completa "Leve adiante na sua roupa toda a alegria do circo, o sorriso de um clown".

Ney Galvão foi morar em São Paulo nos anos 80. Lá torna-se apresentador de TV fazendo quadros fixos e dando dicas de moda. Contudo, o êxito e reconhecimento nacional só foram alcançados quando foi convidado para substituir Clodovil no programa TV Mulher da Rede Globo, onde, com as dicas de moda, comportamento e beleza, tentava diagnosticar as necessidades de suas telespectadoras. Ney vira um ídolo, uma espécie de "consultor de moda" das massas.

Com seu conceito que ele denominava de "anti-moda", questionava os limites impostos pela indústria da moda e beleza. Que é moda afinal? Segundo ele próprio, moda tem a ver com personalidade, ninguém é obrigado a seguir a última moda, pois o que está na moda está fadado a morrer. Assim, vestir-se bem é respeitar o seu biotipo físico, o que combina, o que gosta, cada pessoa deveria seguir a sua própria moda. Cada corpo pede uma determinada roupa, a roupa tem a ver com o humor do dia da pessoa.

Com butique instalada na rica região do Jardim América, em São Paulo, chegou a comercializar dez mil peças de roupas por mês. No campo artístico, chegou a participar da programação vespertina da TV Bandeirantes.

Mas, ele continuava paralelo ao sucesso da TV a criar, a confeccionar seus looks, além de ter uma fábrica de jeans, cosméticos e malharia. Ney declarou, em 83, à jornalista Patrícia Grillo, do Jornal de Florianópolis: "As pessoas negam o luxo que temos aqui, como o tropicalismo" e, mais adiante, completa: A última coleção de Dior, inclusive, eu passei no meu programa. A noiva entrava ao som de Jorge Bem cantando "País tropical" de mini e cheia de babados. Mostrei vestidos amarelos com laços verdes. E a brasileira nega o ritmo brasileiro, o tropicalismo." A luta continuava, na batalha travada para construir uma moda brasileira.

Chegou a fazer incursões no teatro profissional, 1984, com as peças "O Terceiro Beijo", ao lado da atriz Nicole Puzzi e ao lado de Jofre Soares e Sandra Pêra na comédia teatral "A Feira do Adultério", da autoria de Jô Soares e montada no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) em São Paulo.

O estilista, que na infância desenhava roupas para bonecas, atuou agressivamente no marketing da beleza, tendo incluído seu nome num enorme leque de produtos, desde óculos e perfumes até um sofisticado estojo de maquiagem.

Aos 39 anos, de forma precoce, Ney Galvão faleceu no Hospital Albert Einstein, em 15 de setembro de 1991.

Fonte: UOL


Fontes:

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ney_Galv%C3%A3o

https://www.facebook.com/groups/bahiaterradojateve/

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