Ney Galvão (Itabuna, 11 de
janeiro de 1952 — São Paulo, 15 de
setembro de 1991) foi um estilista brasileiro.
Em janeiro de 1974, surgia na Bahia um estilista que, em poucos meses,
se revelaria um dos grandes profissionais da alta costura. Criando um estilo
bem pessoal, Ney Galvão conquistou, de imediato, a preferência da mulher baiana
na arte do bem vestir.
Nascido em Itabuna,
em 1952, caçula de sete irmãos, mescla de índio e português. Ney Galvão, que
sonhava ser médico psiquiatra, formou-se em Belas Artes na UFBA e jamais podia
imaginar que o destino reservava outro caminho.
O interesse por
moda surgiu como consequência do fascínio exercido por ela nos anos 60, quando
as quatro irmãs se arrumavam a qualquer hora do dia para sair. Então ele dava
palpites, interferindo sempre nas roupas.
Aos poucos, era
visto como um personagem exótico – pintava o rosto com teia de aranha, usava
macacões dourados, sandália havaiana (que foi feita para mulheres), amarrava um
bolso e um cós na calça Lee (customização): o seu pulsar criativo interferia na
sua própria maneira de apresentar-se ao mundo.
Já em Salvador, nos
anos 70, começou a trabalhar com artesanato, o que aprimora ainda mais o seu
fazer artístico. Desde então, começou a costurar para sua amiga Fátima Costa Teixeira,
e ela foi ficando com fama de ser "louca" e bem vestida. No corpo
desnudo da modelo e amiga, Ney iniciava seu trabalho com tecidos, criava a
escultura da roupa (moulage) e, aos poucos, iam surgindo os frutos do seu
talento.
Focado na mulher e
demonstrando pouco interesse na moda masculina, Ney se revelava antimachista: o
seu objeto de arte era o corpo feminino. Sempre buscava, nas formas, maneiras
de como a mulher poderia transcender sua beleza e sensualidade libertando-se
das amarras opressoras da figura masculina. Como chegou a declarar em uma
entrevista à jornalista Eleonora Ramos: "A culpa é do homem. A causa é o
marido repressor. Algumas dizem: Olha, segura o decote, senão na hora ele não
me deixa sair. Isso até prejudica meu trabalho. Não fico à vontade. Tem horas
que gostaria de fazer um vestido louquíssimo, pernas de fora, peito saindo,
essas coisas, e não posso..."
"A Moda é
Cultura, Sonho e História"
Ney Galvão
Na década de 70,
Ney começou a fazer desfiles e a aparecer no vídeo, em Salvador, falando de
moda. Nilza Barude o lançou num programa de variedades, "Ponto
Cinco", na TV Itapoan, antiga Tupi.
Ney já era
denominado em 1977, por importantes jornais locais de "Fashion
Designer", mesclando temas como cultura afro-brasileira, praia, artesanato,
tropicália e sensualidade a materiais como cetim, algodão, crepe, brocados,
sedas, palha da costa e penas, entre outros. Ele tentava criar uma moda
genuinamente brasileira, uma moda local, resgatando as Gabrielas cravo e
canela, as Marias Bonitas adormecidas, assim conseguia valorizar a silhueta da
mulher brasileira, sem se preocupar com as tendências da moda europeia.
Como declarou,
certa feita, ao Jornal da Bahia, em 1973: "Não poupe as riquezas do Brasil
nas criações das suas roupas. Viva a tropicália. Abuse do algodão brasileiro,
dos chitões floridos, dos babados" e, em seguida, completa "Leve
adiante na sua roupa toda a alegria do circo, o sorriso de um clown".
Ney Galvão foi
morar em São Paulo nos anos 80. Lá torna-se apresentador de TV fazendo quadros
fixos e dando dicas de moda. Contudo, o êxito e reconhecimento nacional só
foram alcançados quando foi convidado para substituir Clodovil no programa TV
Mulher da Rede Globo, onde, com as dicas de moda, comportamento e beleza,
tentava diagnosticar as necessidades de suas telespectadoras. Ney vira um
ídolo, uma espécie de "consultor de moda" das massas.
Com seu conceito
que ele denominava de "anti-moda", questionava os limites impostos
pela indústria da moda e beleza. Que é moda afinal? Segundo ele próprio, moda
tem a ver com personalidade, ninguém é obrigado a seguir a última moda, pois o
que está na moda está fadado a morrer. Assim, vestir-se bem é respeitar o seu
biotipo físico, o que combina, o que gosta, cada pessoa deveria seguir a sua
própria moda. Cada corpo pede uma determinada roupa, a roupa tem a ver com o
humor do dia da pessoa.
Com butique
instalada na rica região do Jardim América, em São Paulo, chegou a
comercializar dez mil peças de roupas por mês. No campo artístico, chegou a
participar da programação vespertina da TV Bandeirantes.
Mas, ele continuava
paralelo ao sucesso da TV a criar, a confeccionar seus looks, além de ter uma
fábrica de jeans, cosméticos e malharia. Ney declarou, em 83, à jornalista
Patrícia Grillo, do Jornal de Florianópolis: "As pessoas negam o luxo que
temos aqui, como o tropicalismo" e, mais adiante, completa: A última
coleção de Dior, inclusive, eu passei no meu programa. A noiva entrava ao som
de Jorge Bem cantando "País tropical" de mini e cheia de babados.
Mostrei vestidos amarelos com laços verdes. E a brasileira nega o ritmo
brasileiro, o tropicalismo." A luta continuava, na batalha travada para
construir uma moda brasileira.
Chegou a fazer
incursões no teatro profissional, 1984, com as peças "O Terceiro
Beijo", ao lado da atriz Nicole Puzzi e ao lado de Jofre Soares e Sandra
Pêra na comédia teatral "A Feira do Adultério", da autoria de Jô
Soares e montada no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) em São Paulo.
O estilista, que na
infância desenhava roupas para bonecas, atuou agressivamente no marketing da
beleza, tendo incluído seu nome num enorme leque de produtos, desde óculos e
perfumes até um sofisticado estojo de maquiagem.
Aos 39 anos, de
forma precoce, Ney Galvão faleceu no Hospital Albert Einstein, em 15 de
setembro de 1991.
Fonte: UOL
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ney_Galv%C3%A3o
https://www.facebook.com/groups/bahiaterradojateve/
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