Durante a infância, Nara teve
aulas de violão com Sólon Ayala e Patrício Teixeira, ex-integrante do grupo Os Oito Batutas, de Pixinguinha. Aos 14 anos, em 1956,
resolveu estudar violão na academia de Carlos Lyra e Roberto Menescal. Aos 18 anos, Nara tornou-se professora da
academia.
A estreia
profissional se deu quando da participação, ao lado de Vinícius de
Moraes e Carlos Lyra, na comédia Pobre
Menina Rica (1963). Mas a
consagração efetiva ocorre após o golpe militar de 1964, com a apresentação do espetáculo Opinião, ao lado de João
do Vale e Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão
imposta pelo regime militar. De musa da Bossa Nova, passa a ser
cantora de protesto e simpatizante das atividades dos Centros Populares de
Cultura da UNE. Em 1966, interpretou a canção A Banda,
de Chico Buarque no Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), que
ganhou o festival e público brasileiro.
Nara
também aderiu ao movimento tropicalista,
tendo participado do disco manifesto do movimento - Tropicália ou Panis et Circensis, lançado pela Philips em 1968.
Em 1957 teve seu primeiro namorado, Roberto
Menescal, seu amigo da época de escola e que
frequentava sua casa nas reuniões musicais. O relacionamento terminou de forma
amigável em 1958. Mesmo assim, Nara
entrou em depressão e contraiu hepatite, proveniente de água contaminada. Após
muito tempo afastada das aulas, decide abandonar os estudos no segundo ano
colegial para se dedicar somente a estudar música.
Neste
mesmo ano de 1958 arrumou seu
primeiro emprego como secretária de redação do “Tablóide UH”, caderno de
utilidades comandado por Alberto Dines no jornal Última Hora, cujo dono era
Samuel Wainer, marido de Danuza Leão e
cunhado de Nara. Em menos de um ano, a jovem Nara foi promovida a repórter do tabloide.
Ainda como
secretária, Nara conheceu Ronaldo Bôscoli, redator, apesar de envolvido com a
música, o que aproximou os dois. Ele passou a frequentar a casa de Nara nas
rodas musicais. Em 1959, Nara e Bôscoli
começam a namorar. Nesse período de namoro, Nara começa a se destacar como
cantora. O namoro com Bôscoli terminou em 1960, quando ele a traiu com a cantora Maysa, durante uma turnê em Buenos Aires.
Ainda em
1960, já se apresentando pelo país com seu grupo de amigos em pequenos shows de
bossa nova, conhece o cineasta moçambicano Ruy Guerra. Os dois começaram a namorar no mesmo ano. Em 1961, Nara e Ruy foram viver juntos na casa dele. No ano
seguinte, 1962, decidem casar-se numa
pequena cerimônia civil.
Em 28 de
março de 1963, lança-se profissionalmente no show Trailer do
que seria a musical Pobre Menina Rica,
de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, na boite Au Bon Gourmet, em Copacabana. No final do mesmo ano, Nara grava
o seu primeiro disco, lançado em janeiro do ano seguinte, incluindo seus
primeiros sucessos nacionais, como o samba Diz que fui por aí, dos compositores Zé Keti e Hortêncio Rocha.
Neste
mesmo ano de 1965, Nara e Ruy se divorciam. Ela decide tirar férias, e viaja
por toda Europa e Nova
York, onde além de passear, fez terapia e cursos
voltados a música e ao teatro. Nessa época começou a ganhar mais dinheiro ao
trabalhar como apresentadora de programas de TV, paralelamente continuou a
gravar discos e fazer shows. No fim de 1966, Nara conheceu e começou a namorar
o cineasta Cacá Diegues. Em seis meses
de namoro, o casal noivou.
Em 1967 continua a participar de festivais de música e a
fazer shows internacionais. Em 26 de Julho de 1967 casou-se no civil e na igreja com Cacá Diegues,
dando uma grande festa na residência de seus pais, e passa a assinar Nara
Lofego Leão Diegues. No fim do ano, surge um convite para Nara cantar em Paris. Ao voltar para o Rio, e por influência do marido, volta
a fazer curso de teatro e começa a fazer participações como atriz no cinema.
Em 1969, Nara aparece cantando rapidamente no filme dirigido
pelo marido, Os Herdeiros, assim como também Caetano Veloso. Diminui seus shows no Brasil, pois se vê ameaçada no país. O governo
estava mandando prender alguns artistas, devido à censura. Recebe um convite e
viaja para fazer uma temporada em Portugal.
Neste ano sua carreira já a estava incomodando, pois não podia ir a nenhum
lugar sem ser perseguida por fãs. Em agosto de
1969, viaja para Londres, onde nas
rádios e TV's locais dá entrevistas dizendo que sua carreira de cantora está
encerrada. Ela e o marido voltam ao Brasil, na esperança de estar tudo mais
calmo, como noticiavam as rádios. Assustada com informações de que poderia ser
presa, ela e o marido viajam para Paris, onde compram uma casa e passam a
morar.
Em 1970 volta atrás em sua decisão de encerrar a carreira
de cantora e passa a fazer pequenos shows pela Europa. No início do ano
descobre estar grávida. Em 28 de setembro de 1970, em Paris, nasce a primeira filha de Cacá e Nara Isabel
Diegues. Em abril de 1971, quando a filha completou
7 meses de vida, Nara descobre estar novamente grávida.
Em 1º de janeiro de 1972, Nara e Cacá voltam a morar no Brasil, pois queriam ficar mais próximos da família, e a situação política do país já havia melhorado consideravelmente, não havendo mais risco de prisão de artistas. No dia 17 deste mesmo mês, no Rio, no bairro de Copacabana, nasce o segundo filho do casal: Francisco Leão Diegues.
Nara passa a gravar algumas
músicas e participar de pequenos festivais. Não quer mais a agitação da
carreira que antes tinha, e passa a se dedicar exclusivamente ao marido e aos
filhos. Ainda em 1972 ela faz um dos papeis principais do filme
musical de Cacá Diegues, Quando o
Carnaval Chegar.
Em 1973 participa como
atriz de alguns filmes e passa a fazer pequenos shows pelo Brasil. Neste ano,
volta a estudar, e termina o último ano do colegial, atual ensino médio,
antigo científico.
Em 1974, grava
alguns discos e participa de festivais. Passou no vestibular
de Psicologia na PUC-RJ. Ser psicóloga era um antigo desejo que possuía,
e seguiria esta profissão, caso não fosse cantora. Agora que tinha diminuído
seu ritmo de trabalho, passa a se dedicar aos estudos, filhos e casamento, sem
deixar a música de lado.
No ano de 1975 fez poucos
trabalhos, gravando e lançando apenas um disco, que foi sucesso de vendas, o
que a fez ganhar o troféu de Melhor Cantora do Ano.
Em 1976 não trabalhou,
e tirou este ano para estudar e cuidar dos filhos, do marido e do lar.
Em 1977 volta com força, lançando novos discos, viajando o Brasil e
participando de espetáculos, fazendo novas amizades no ramo musical, que lhe
abriram portas, gravando música de outros cantores, também escrevendo e
compondo suas melodias, e se apresentando em rádio e TV, inclusive fora do
país.
Por
desentendimentos constantes nos últimos anos, Nara e Cacá se divorciaram em
1977, após 10 anos de casados, e assim a cantora voltou a usar seu sobrenome de
solteira. Sua depressão voltou mais forte, e Nara voltou a fazer terapia e
passou a se dedicar intensamente a música, fazendo seu sucesso aumentar a cada
dia mais. Sua faculdade de psicologia foi interrompida para Nara manter sua
agenda de cantora.
Em 1979, enquanto fazia muito sucesso, passou por um episódio
onde se sentiu muito mal, com dores fortes de cabeça, tonturas e desmaiou,
acabando internada.
Nos anos
80 fez muito sucesso, viajando o Brasil e o
mundo, lançando novos discos, gravando canções, atuando em musicais no teatro e
fazendo parcerias musicais. De vez em quando passava mal em algum show, mas
logo se restabelecia. Começa a fazer shows sozinha com seu violão, e também
volta a se interessar por política, participando de eventos públicos a favor da
eleição direta para presidente no Brasil.
Em 1986 sua saúde piorou, passando a ter dores mais fortes
de cabeça e esquecimento das coisas que fazia. Isso acabou prejudicando sua
carreira, pois Nara, por mais que ensaiasse, esquecia totalmente as letras de
música, ou o repertório, durante algumas apresentações, o que a deixava muito
constrangida e triste. Sua dose de remédios fora aumentada, e após diversos
exames, que nunca mostravam a causa de suas dores, descobriu-se, então, que o
grande problema era um tumor maligno no cérebro. Para descobrir a causa do
coágulo, seria necessário realizar uma biópsia, para extrair o tumor, mas ele
se encontrava em uma área nobre do cérebro, a da fala, o que impossibilitaria
qualquer intervenção no local. Caso fizesse qualquer procedimento no local,
Nara poderia ficar em estado vegetativo, e parar de andar, falar, ouvir e
enxergar. Os médicos preferiram que ela tomasse medicações contínuas, em vez de
arriscar uma cirurgia que poderia matá-la ou deixá-la inválida. Assustada e
muito deprimida, Nara passou a maior parte do ano em repouso, sendo cuidada
pelo seu namorado Marco Antonio Bompet, seu secretário e produtor Miguel
Bacelar e sua irmã Danuza Leão. Apesar de estar doente, quando se sentia melhor
fazia pequenos concertos pela Zona Sul do Rio. Só a música conseguia tirá-la do
foco em seus problemas pessoais.
Em 1987 e 1988,
teve uma considerável melhora de saúde e passa a fazer temporadas de shows em
casas noturnas do Rio, muitos deles em companhia de seu ex-namorado, Roberto
Menescal, que tinha deixado suas funções de executivo da gravadora Polygram e
voltara a atuar como músico.
Em 1989 fez sua última apresentação no Pará. Ao voltar para o Rio, sua saúde piorou, com dores que
não passavam nem com a medicação prescrita pelo médico. A crise se deu após uma
convulsão, quando a cantora precisou ser internada às pressas. Nara entrou em
estado pré-comatoso e, pouco depois, em coma. Após passar um bom tempo no
hospital, o tumor repentinamente rompeu-se, e Nara teve uma hemorragia fatal,
não havendo tempo hábil para que os médicos pudessem salvá-la. A cantora morreu
na Casa de Saúde São José, em 7
de junho, e sepultada no Cemitério de
São João Batista (Rio de Janeiro).
Seu último
disco foi My foolish heart,
lançado naquele mesmo ano, interpretando versões de clássicos americanos.
Nenhum comentário: