Olá
pessoal!
Pagu foi
uma mulher muito à frente do seu tempo, creio que se vivesse no século 21
continuaria sendo uma pessoa de vanguarda.
Ela foi personagem da série da Globo
Um só coração.
Vamos saber mais sobre ela.
Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, foi uma das mais
polêmicas figuras femininas da história brasileira no século XX.
Nascida no seio de uma família burguesa, em 1910, Pagu afastou-se de sua classe social, passando a militar junto ao
Partido Comunista Brasileiro, o que lhe rendeu mais de 20 prisões.
Bem antes de se tornar Pagu,
apelido que lhe foi dado pelo poeta Raul Bopp, Zazá, como era conhecida em
família, já era uma mulher avançada para os padrões da época, com seu
comportamento considerado extravagante e defendendo as causas feministas.
Fumava e bebia em público, usava roupas colantes e transparentes, usava cabelos
curtos, manteve diversos relacionamentos amorosos, e costumava falar palavrões.
Seu comportamento rebelde e à frente do seu tempo não era compatível com sua
origem familiar, conservadora e tradicional. Em 1925, com quinze anos,
mudou-se com a família para a capital paulista, onde conseguiu o primeiro
emprego, como redatora, passando a escrever críticas contra o governo e
contra as injustiças sociais, em uma coluna de notícias do Brás Jornal, assinando com
o pseudônimo de Patsy.
Embora tenha se tornado a musa
dos modernistas, Pagu não participou da Semana de Arte Moderna. Tinha
apenas doze anos em 1922, quando a Semana se realizou. Entretanto, aos dezoito
anos, pouco depois de completar o curso na Escola Normal da capital paulista,
integra-se ao movimento antropofágico, sob a influência de Oswald de
Andrade e Tarsila do Amaral.
Pagu, que já havia se relacionado
com homens famosos e anônimos, solteiros e casados, iniciou um novo romance
secreto, desta vez com Oswald de
Andrade, em 1928, enquanto ele ainda era casado com Tarsila do
Amaral. Em 1929 a separação de Oswald para ficar com Pagu causou
grande escândalo social. No dia 1º de abril de 1930 causou grande repercussão,
quando "casou-se" com Oswald de
Andrade, em uma cerimônia pouco convencional: o acontecimento foi
simbólico, realizado no Cemitério da Consolação, em São Paulo.
Ambos casaram-se oficialmente no civil e
na igreja apenas no mês seguinte, com Pagu já
grávida de seis meses, o que foi um escândalo. Em 25 de setembro de 1930 nasceu
o filho do casal, Rudá de Andrade. O casal tornou-se militante
do Partido Comunista Brasileiro, fundando
juntos o jornal O Homem do
Povo, que durou até 1945, quando Oswald rompeu com o partido
comunista. Em junho de 1934 desquitaram-se,
devido as constantes traições de Oswald, e Pagu saiu de casa com o filho para
morar sozinha, outro grande escândalo social para a época.
Pagu foi libertada em 1933, quando
publicou, sob o pseudônimo de Mara Lobo, o romance Parque Industrial,
que foi considerado o primeiro romance proletário da literatura brasileira. Ela
partiu logo após em viagem para a Europa e outros locais do mundo como
repórter. Na França, passou a frequentar alguns cursos na Sorbonne e, em 1935,
filiou-se ao Partido Comunista Francês. Foi pega pela polícia francesa com documentos
falsos, o que lhe garantiu mais uma prisão. Foi liberada após
intervenção do embaixador brasileiro Souza Dantas
junto ao governo francês.
Pagu entrevistou Sigmund Freud e participou da coroação
do último imperador chinês Pu-Yi, de quem obteve as primeiras sementes de soja
que foram trazidas ao Brasil. Ao voltar ao país, separou-se de
Oswald de Andrade, com quem tinha um filho, Rudá de Andrade. Retomou a atividade
jornalística, sendo presa novamente pelas forças
repressivas do Estado Novo, ficando cinco anos na prisão.
Em 1935, foi presa
em Paris como comunista estrangeira, com identidade falsa, sendo
repatriada para o Brasil. Retomou sua atividade jornalística, criticando a
ditadura militar. Sua nova identidade falsa foi descoberta, e Pagu foi
novamente presa e torturada pelas forças da ditadura de
Getúlio Vargas. Desta vez acabou ficando na cadeia por cinco anos, o que a
levou a um intenso desespero, ampliando ainda mais sua capacidade artística e
criativa. Nesse período, seu filho foi criado por Oswald. Ele levava o menino
para visitar a mãe em alguns finais de semana.
Ao sair da prisão, em 1940,
rompeu com o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de
linha trotskista. Integrou a redação do periódico Vanguarda Socialista junto com Geraldo
Ferraz, o crítico de arte Mário Pedrosa, Hilcar Leite e Edmundo
Moniz. No mesmo ano iniciou um relacionamento com Geraldo Ferraz e no ano
seguinte foram morar juntos. Desta união, que durou até o fim de sua vida,
nasceu seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz, em 18 de junho de 1941. Pagu
voltou a criar seu filho mais velho, e passou a morar com seus dois filhos e o
marido na capital paulista. Em 1945, lançou um novo romance, A Famosa Revista, escrito em parceria
com o marido, Geraldo Ferraz. Tentou, sem sucesso, uma vaga de deputada
estadual nas eleições de 1950.
Em 1952 frequentou a Escola
de Arte Dramática de São Paulo, levando seus espetáculos teatrais a Santos.
Conhecida como grande animadora cultural em Santos, lá passou a residir com o
marido e os filhos, no ano de 1953.
Escreveu também
contos policiais, sob o pseudônimo King Shelter, publicados originalmente
na revista Pulp Detective,
publicada pelo Diários Associados e
dirigida pelo dramaturgo Nelson
Rodrigues, e depois reunidos em Safra Macabra (Livraria José Olympio Editora, 1998). Em seu
trabalho, junto a grupos teatrais, revelou e traduziu grandes autores até então
inéditos no Brasil como James Joyce, Eugène Ionesco, Fernando Arrabal
e Octavio Paz.
Ainda trabalhava como crítica de
arte quando foi acometida por um câncer de pulmão em 1960. Viajou a
Paris para se submeter a uma cirurgia, sem resultados positivos. Ela
passou a morar na capital francesa com seu marido, para continuar realizando
tratamento quimioterápico, e mensalmente recebia a visita dos filhos.
Decepcionada e desesperada por estar doente, sem poder trabalhar com arte, seu
maior prazer, e necessitando ficar sempre acamada, Patrícia desenvolveu uma
profunda depressão, e tentou o suicídio, tentando dar um tiro na
própria cabeça, sendo impedida pelo marido, ferindo-se apenas de raspão. Sobre
o episódio, escreveu no panfleto "Verdade e Liberdade": "Uma
bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas". Após dois
anos de tratamento, foi desenganada pelos médicos e voltou ao Brasil, morrendo
em Santos um mês depois, em 12 de dezembro de 1962, aos 52 anos.
Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pagu
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