Olá
pessoal!
O
google me apresentou essa mulher fantástica. Lógico que fui dar uma velha
pesquisada, e fiquei mais impressionada ainda.
Um
pouco da história de Giulia/Julieta.
Julieta
Lanteri (nascida Giulia Maddalena Angela Lanteri, Briga
Marittima, 22 de março de 1873 - Buenos Aires, 25
de fevereiro de 1932) foi uma médica e ativista
pelos direitos das mulheres ítalo-argentina.
Lanteri nasceu na zona rural de
Briga Marítima, na província de Cuneo, Itália (atualmente La Brigue, França),
em 1873. Seus pais, Mattea Guido e Pierre-Antoine Lanteri, emigraram para
a Argentina com suas duas filhas em 1879. Julieta foi criada
em Buenos Aires e La Plata.
Em 1891, tornou-se a primeira
mulher a se matricular no Colégio Nacional de La Plata, colégio público
preparatório. Após formar-se em farmacologia na Universidade de
Buenos Aires em 1898, Lanteri ingressou na Faculdade de Medicina da
universidade com a permissão do reitor, Dr. Leopoldo Montes de Oca. Ela
encontrou oposição à sua carreira de estudante e profissional por parte dos
mais conservadores; as objeções incluíam o conceito mais amplo de permitir que
as mulheres seguissem uma carreira, bem como outras menores, como a de que uma
mulher não deveria examinar um cadáver. Estas experiências levaram Lanteri
e Cecilia Grierson (a primeira mulher a graduar-se em medicina na
Argentina) a co-fundarem a Asociación de Universitarias Argentinas,
a primeira associação de estudantes dedicada às mulheres no país, em 1904. Após
um estágio na enfermaria feminina do Hospital San Roque, Lanteri
tornou-se, em 1907, a quinta mulher a formar-se em medicina na Argentina e a
primeira ítalo-argentina a fazê-lo.
Lanteri trabalhou por uma década
na Secretaria de Assistência Pública de Buenos Aires e no Hospital e
Dispensário de Emergência. Ela fez campanha ativamente por maior acesso
aos cuidados médicos para os pobres desde o início e fundou um periódico,
a Semana Médica, para esse
fim. Em 1906, Lanteri participou do Congresso Internacional
do Pensamento Livre realizado em Buenos Aires e contou com a presença
de outras feministas como Raquel Camaña, Elvira Rawson de
Dellepiane, Petrona Eyle, Sara Justo, Cecilia
Grierson e Adelia Di Carlo. O
Congresso a expôs a ideias relacionadas à obtenção da igualdade entre sexos,
igualdade política e divórcio.
Ela ajudou a
organizar o primeiro Congresso Internacional de Mulheres em 1910 e
posteriormente o primeiro Congresso Nacional do Bem-Estar Infantil. Sua
inscrição para um cargo de docente na Faculdade de Medicina da Universidade de
Buenos Aires foi negada com base no fato de que ela ainda era uma estrangeira
residente, o que a levou a solicitar a cidadania argentina. Mulheres imigrantes
solteiras, no entanto, geralmente não recebiam a cidadania argentina. Lanteri
casou-se com Alberto Renshaw em 1910, e após um processo de oito meses de
duração, ela obteve a cidadania em 1911. O casamento foi em si polêmico, pois
Renshaw era quatorze anos mais novo que Lanteri. O mesmo pretexto foi usado
para negar a sua inscrição no curso de Psiquiatria na
Faculdade de Medicina da sua própria universidade.
Com conhecimento detalhado da Lei
5.098, que especificava vários requisitos para o direito de voto — embora
permanecesse discutível sobre o direito da mulher de fazê-lo — Lanteri
persuadiu o presidente do distrito eleitoral a aceitar seu voto nas eleições de
16 de julho de 1911 para o Conselho Deliberativo, tornando-se assim a
primeira mulher a votar na América do Sul; mulheres não tiveram direito ao
voto na Argentina até 1947. A Lei Eleitoral foi alterada naquele ano para
exigir o serviço militar (obrigatório para todos os cidadãos argentinos do sexo
masculino) para ter direito ao voto, novamente eliminando as mulheres. Lanteri,
em vez disso, juntou-se à sua advogada, Angélica Barreda, na formação de um
partido político em 1918, a União Feminista Nacional, e concorreu a uma vaga na
Câmara dos Deputados da Argentina em todas as eleições posteriores até
o golpe militar de 1930.
Seu partido político apoiava
o sufrágio universal, igualdade de gênero sob o Código Civil
Argentino e uma ampla gama de medidas progressivas, incluindo: regulamentação
da jornada de trabalho; igualdade salarial; pensões; licença maternidade; reformas trabalhistas em
relação a mulheres e crianças; treinamento profissional para mulheres;
legalização do divórcio; atendimento especializado para jovens delinquentes;
reforma do sistema carcerário; abolição da pena de morte;
investimentos em saúde pública e jardim de infância; maior segurança do trabalho
em fábricas; proibição da fabricação e venda de álcool; medicina preventiva
contra doenças infecciosas e proibição de bordéis regulamentados. No entanto,
sua candidatura não foi bem sucedida, recebendo entre mil e 1 730 votos em cada
eleição; entre os seus apoiadores estava o escritor nacionalista Manuel
Gálvez que, em oposição a ambos os conservadores e à União Cívica Radical, então no poder,
optou por votar na "intrépida Dra. Lanteri".
Lanteri foi
admitida na Associação Médica Argentina.Ela continuou a praticar a medicina e a
fornecer cuidados psiquiátricos e de saúde mental para mulheres e crianças
necessitadas. Ela fundou a primeira escola primária da cidade de Sáenz
Peña, na província de Buenos Aires e lecionou extensivamente na
Europa. Ela se aventurou em outras atividades, lançando um tônico de
restauração capilar em 1928. Seu ativismo pelo sufrágio feminino deu uma
guinada inédita quando em 1929 ela se candidatou ao serviço militar com a
justificativa de que, uma vez que o serviço militar era obrigatório para todos
os cidadãos, as mulheres deveriam ter direito ao serviço militar e, portanto,
ao voto. O caso chegou à Suprema Corte da Argentina, onde, no entanto, foi
anulado.
Em 23 de fevereiro de 1932,
Lanteri caminhava pela avenida Roque Sáenz Peña, no centro de Buenos Aires,
quando foi atropelada. O motorista fugiu, e após dois dias internada no hospital,
a médica e ativista morreu aos 58 anos de idade; mais de mil pessoas
compareceram ao seu funeral.
O incidente, tratado como
acidente pela polícia, foi questionado pela jornalista do El Mundo de Adelia Di Carlo. O
noticiário publicou detalhes do acidente, incluindo o fato de que o relatório
policial teve o nome do motorista e a placa do veículo riscados; que o homem,
David Klapenbach, era membro do grupo paramilitar de direita Liga Patriótica Argentina; e que o
próprio Klapenbach já havia cometido vários assassinatos. A casa de Adelia Di
Carlo foi saqueada pela Polícia Federal Argentina após a publicação destes dados.
Fonte
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