Diva do cinema e da ciência: Hedy Lamarr - RENATA FONSECA

quarta-feira, 30 de março de 2022

Diva do cinema e da ciência: Hedy Lamarr

Olá pessoal!

Conheço Hedy Lamarr pelos grupos de cinema no Facebook.

Na escola onde presto serviço em homenagem ao dia das mulheres fez um mural com mulheres que foram e são importante para ciência. E quem estava no meio dessas cientistas? Hedy Lamarr!

Se não fosse por ela talvez não teríamos Wi-fi.

No GLOBOPLAY tem um documentário sobre ela,  Bombshell: The Hedy Lamarr Story

Um pouco sobre a cientista e atriz.


Hedy Lamarr, o nome artístico da cientista Hedwig Eva Marie Kiesler, responsável por diversas invenções e descobertas que revolucionaram a tecnologia de comunicação. Lamarr nasceu em Viena em 1914, possuía descendência judia e desde pequena recebeu uma educação excepcional, pois para seus pais era algo essencial para a sobrevivência.

O interesse na atuação veio desde cedo, quando Hedy, ainda criança, assistia a peças de teatro e a filmes. Estudou balé e piano até os 10 anos e aos 12 anos, ganhou um concurso de beleza em Viena. Hedy era muito ligada ao pai, com quem tinha conversas sobre política, ciência, tecnologia e ele foi uma grande inspiração para sua invenção futura.

Usando o nome de Hedy Kiesler, ela começou a ter aulas de atuação em Viena. Um dia, ela falsificou uma permissão assinada pela mãe e foi bater na porta da Sascha-Film, uma produtora austríaca que a contratou aos 16 anos como secretária do diretor. Um dia, ela ganhou um papel de figurante no filme Money on the Street (1930) e depois teve um papel pequeno em Storm in a Water Glass (1931). O produtor Max Reinhardt a escalou para uma peça chamada The Weaker Sex, apresentada no Theater in der Josefstadt, um teatro em Viena. Ele se impressionou com o trabalho de Hedy e a chamou para voltar com ele a Berlim, onde ele morava.

Ela nunca trabalhou em nenhum de seus filmes rodados em Berlim. Depois de conhecer o produtor russo de teatro Alexis Granowsky, ela foi escalada para fazer sua estreia como protagonista em The Trunks of Mr. O.F. (1931), junto de Walter Abel e Peter Lorre. Granowsky mudou-se para Paris, mas Hedy permaneceu em Berlim trabalhando. No filme No Money Needed (1932), uma comédia, Hedy estrelou como a atriz principal.

No começo de 1933, aos 18 anos, Hedy recebeu o papel principal no filme de Gustav Machatý, o longa Ecstasy, onde ela interpreta uma mulher negligenciada pelo marido mais velho e pouco afetuoso. O filme se tornou lendário e polêmico por mostrar o rosto da atriz encenando um orgasmo, além de algumas cenas de nudes e closes de partes de seu corpo. Quando se interessou pelo papel, Hedy entendia pouco sobre filmagens e, ansiosa pelo trabalho, assinou o contrato sem ler o roteiro.

Em uma cena externa, quando o diretor pediu que ela ficasse nua, Hedy reclamou e ameaçou se demitir do filme, mas ele disse que se ela saísse teria que pagar pelo custo de todas as cenas já rodadas. Para acalmá-la, disse que usaria cenas filmadas de longe, onde qualquer outro detalhe de seu corpo não pudesse aparecer. Na estreia do filme, em Praga, ao notar que os closes foram feitos e que o diretor não cumprira com sua palavra, Hedy saiu do cinema em prantos, pensando em seus pais e que sua carreira de atriz tinha acabado.

Ecstasy ficou famoso e até foi premiado em um festival em Roma. Pela Europa inteira, ele foi considerado como um grande trabalho artístico. Nos Estados Unidos, porém, o filme foi banido por ser considerado imoral e por ser "degradante para mulheres". Também foi banido na Alemanha por conta da ascendência judaica de Hedy. Seu futuro marido, Fritz Mandl, teria gastado cerca de 300 mil dólares comprando cópias do filme para depois destrui-las.

Friedrich Mandl era um fabricante de munições e armas, conhecido como o terceiro homem mais rico da Áustria. Hedy se apaixonou por Mandl, ainda que seus pais discordassem da união, mas temendo as conexões de Mandl com homens poderosos como Benito Mussolini e Adolf Hitler, optaram por não interferir no relacionamento.

Em 10 de agosto de 1933, aos 18 anos, Hedy se casou com Mandl, que na época tinha 33 anos e já era divorciado. Era filho de um judeu e de uma católica, mas ele insistiu que Hedy se convertesse ao catolicismo antes do casamento. Mandl é descrito como sendo um marido controlador, possessivo e impediu que Hedy continuasse sua carreira de atriz depois do casamento. Hedy relatou que foi tratada como prisioneira do próprio marido em uma das residências do casal, o castelo de Schwarzenau, perto da fronteira com a Chéquia.

Hedy acompanhava Mandl em festas e reuniões, onde ele trabalhava com cientistas e outros envolvidos na tecnologia armamentista. Nestas reuniões Hedy começou a se interessar pela ciência aplicada e começou a ler livros e compêndios que existiam na biblioteca da mansão de Mandl.

Sabendo que seu casamento chegaria a um ponto irreversível e infeliz por viver sob um marido controlador, Hedy fugiu do marido e do país. Segundo sua autobiografia, ela se disfarçou de empregada e fugiu para Paris. Ela teria persuadido Mandl a deixá-la usar suas joias mais caras no jantar formal naquela noite e desapareceu em seguida.Depois de chegar a Londres, em 1937, Hedy conheceu Louis B. Mayer, diretor da MGM, que caçava talentos pela Europa na época. No começo, ela recusou a oferta do diretor de 125 dólares por semana, mas comprou uma passagem de navio para Nova York, sabendo que encontraria Mayer e a esposa na mesma viagem. Lá, ela impressionou a esposa de Mayer e o próprio diretor, conseguindo assegurar um salário de 500 dólares por semana, mais um contrato. Mayer, por sua vez, a persuadiu a mudar seu nome a fim de distanciá-la da atriz de Ecstasy. Foi a esposa de Mayer, Margaret, quem sugeriu o sobrenome "Lamarr" em homenagem à uma atriz do cinema mudo, Barbara La Marr.

Hedy chegou a Hollywood em 1938, onde foi promovida como a "mais bela mulher do mundo". Mayer a apresentou ao produtor Walter Wanger, que estava trabalhando em Algiers (1938), uma versão norte-americana do filme francês Pépé le Moko (1937).

Hedy contracenou com Charles Boyer e o filme foi um grande sucesso, em especial devido ao marketing do estúdio sobre o nome de Lamarr. A esperança da MGM é que ela se tornasse uma nova Greta Garbo ou Marlene Dietrich.

Em seus filmes seguintes, Hedy era sempre chamada para fazer os mesmos papéis, a mulher glamorosa e sedutora de origem exótica. Seu segundo filme nos Estados Unidos foi I Take This Woman (1940), onde co-estrelou com Spencer Tracy., sob a direção de Josef von Sternberg, que foi demitido no meio da produção e substituido por Frank Borzage. A produção foi suspensa e enquanto isso, Hedy estrelou em Lady of the Tropics (1939). I Take This Woman foi retomado com outro diretor e foi um fracasso de bilheteria.

Já o filme Boom Town (1940), com Clark Gable, Claudette Colbert e Spencer Tracy foi um grande sucesso de público. Animados com o sucesso, o estúdio escalou Hedy e Clark Gable em Comrade X (1940), uma comédia com o mesmo estilo de Ninotchka (1939), e foi outro sucesso. Em Come Live with Me (1941), Hedy interpreta uma refugiada de Viena, ao lado de James Stewart.

Em White Cargo (1942), ela interpretou uma jovem nativa sedutora, outro grande sucesso. Este papel enfatiza o tipo de papel para o qual costumavam escalar Hedy nessa época, sempre mulheres provocadoras, belas, sensuais no modo de agir e de falar. O fato de nunca ter papéis desafiadores a aborreciam e ela teria se voltado para a ciência e tecnologia quando estava entediada. Hedy trabalhou na comédia The Heavenly Body (1944) e foi emprestada para a Warner Bros. para o filme The Conspirators (1944), que reuniu vários atores de Casablanca (1942), parcialmente inspirado em Algiers e com uma protagonista escrita especificamente para Lamarr.

De volta à MGM, Lamarr foi escalada para trabalhar em Her Highness and the Bellboy (1945), com Robert Walker, onde ela interpreta uma princesa que se apaixona por um nova-iorquino. Foi um filme de sucesso, mas seria seu último filme com um contrato pela MGM.

Lamarr inventou o sistema que serviu de base para os telefones celulares. Durante a Segunda Guerra Mundial, criou um sofisticado aparelho de interferência em rádio para despistar radares nazistas que patenteou em 1940, usando o seu verdadeiro nome, Hedwig Eva Maria Kiesler.

A ideia do aparelho de frequência de Lamarr e Antheil serviu de base para a moderna tecnologia de comunicação, tal como COFDM usada em conexões de Wi-Fi e CDMA, usada em telefones celulares. Patentes similares foram registradas por outros países, tais como a Alemanha, em 1935, em que os engenheiros da Telefunken Paul Kotowski e Kurt Dannehl registraram as patentes em 1939 e 1940.

A ideia surgiu ao lado do compositor George Antheil em frente a um piano. Eles brincavam de dueto, ela repetindo em outra escala as notas que ele tocava, experimentando o controle dos instrumentos. Ou seja, duas pessoas podem conversar entre si mudando frequentemente o canal de comunicação. Basta que façam isso simultaneamente.

Juntos, Antheil e Lamarr submeteram a ideia ao Departamento de Guerra norte-americano, que o recusou, em junho de 1941. Em agosto de 1942, foi patenteado por Antheil e "Hedy Kiesler Markey". A versão inicial consistia na troca de 88 frequências e era feito para despistar radares, mas a ideia pareceu difícil de realizar na época.

O projeto não foi concretizado até 1962, quando o aparelho passou a ser utilizado por tropas militares dos EUA em Cuba, quando a patente já expirara; a empresa Sylvania adaptou a invenção. Ficou desconhecida, ainda, até 1997, quando a Electronic Frontier Foundation deu a Lamarr um prêmio por sua contribuição. Antheil morreu em 1959.

Apesar de ter patenteado a ideia de uma frequência que fosse variável no percurso entre emissor e receptor, não ganhou dinheiro com isto. Em 1997 recebeu do Governo dos Estados Unidos menção honrosa "por abrir novos caminhos nas fronteiras da eletrônica".

Recebeu o EFF Pioneer Award de 1997. Em 2014 foi introduzida no National Inventors Hall of Fame. 

No final da década de 1950, Lamarr e o marido, W. Howard Lee, abriram um resort de ski, chamado de Villa LaMarr, em Aspen, no Colorado. Depois do divórcio do casal, seu marido acabou ficando com o resort. The Female Animal (1958) foi seu último filme.

Em 1966, foi detida, sob a acusação de furto, numa loja de departamentos, em Los Angeles, mas as acusações acabaram sendo retiradas. Em 1991, foi novamente detida por furtar medicamentos no valor de pouco mais de 20 dólares, em uma loja da Flórida. Ela não contestou a acusação, para evitar ter de comparecer ao tribunal e, em troca da promessa de não infringir mais nenhuma lei por pelo menos um ano, as acusações foram mais uma vez retiradas.

No final dos anos 1960, a atriz e cientista parou de trabalhar nos cinemas e em 1966 o renomado cineasta Andy Wrhol criou o curta-metragem “Hedy” em sua homenagem, falando sobre sua vida, e no mesmo ano Lamarr lançou sua autobiografia.

Em seus últimos anos, a atriz viveu reclusa em sua casa, em Casselberry, região metropolitana de Orlando. Ela recusou vários roteiros, comerciais de televisão, peças de teatro, dizendo que nenhum deles lhe interessava. Em 1974, ela entrou com um processo contra a Warner Bros., no valor de 10 milhões de dólares, declarando que a paródia de seu nome ("Hedley Lamarr") por Mel Brooks, na comédia Blazing Saddles, era uma invasão de privacidade. O estúdio encerrou o caso com um acordo fora dos tribunais, enquanto Mel Brooks alegou que a atriz "nunca entendeu a piada".

Com problemas de visão, Hedy Lamarr se retirou da vida pública e se estabeleceu em Miami Beach, na Flórida, em 1981.

O único lucro que Lamarr obteve com sua invenção foi em 1997, quando a companhia canadense WiLAN propôs um acordo com ela para adquirir 49% dos direitos de marketing de sua patente, enquanto ela continuava com 51%. Ela logo ficou muito amiga do presidente da companhia, Hatim Zaghloul.

Em 1996, uma grande imagem de Lamarr ganhou o concurso da CorelDRAW naquele ano para a capa da caixa do produto. Por muitos anos, a partir de 1997, todas as caixas do programa vinham com uma ilustração baseada em uma foto de Lamarr. Ela processou a empresa, alegando que eles usaram sua imagem sem autorização, mas a Corel alegou que Lamarr não tinha os direitos daquela foto. O processo terminou em um acordo em 1999.

Em seus últimos anos, Lamarr entrava em contato com o mundo apenas pelo telefone, mesmo com seus filhos, netos e amigos mais próximos. Ela costumava ficar pendurada no telefone por seis a sete horas todos os dias, mas praticamente não aceitava visitas, nem encontrava outras pessoas.

Hedy Lamarr morreu em Casselberry, na Flórida, em 19 de janeiro de 2000, aos 85 anos. Conforme era seu desejo, seu filho, Anthony Loder, levou suas cinzas para a Áustria e espalhou-as nos Bosques de Viena. Em 2014, um túmulo simbólico foi construído no Cemitério Central de Viena.

Por sua contribuição para o cinema, Hedy Lamarr tem uma estrela na Calçada da Fama, no 6 247 Hollywood Blvd. Ela também foi inspiração para Walt Disney desenhar a Branca de Neve, "a mais bela", seu primeiro desenho animado de longa metragem em 1937.


Em 2005, o dia do seu nascimento, 9 de novembro, foi instituído na Alemanha como o Dia do inventor, em sua honra.

https://www3.unicentro.br/petfisica/2021/04/09/hedy-lamarr-a-mae-do-wi-fi-1914-2000/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hedy_Lamarr


 

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