Conheci
a história de Odília no Instagram de um jornal aqui de Salvador. Achei a
história sensacional! É claro que fui saber mais um pouco sobre ela.

Maria
Odília Teixeira Lavigne (São Félix, 5 de março de 1884 – Salvador, 1970), mais
conhecida simplesmente como Maria Odília Teixeira, foi uma médica e professora
universitária brasileira, pioneira na sua área e conhecida por ser a primeira
médica negra do Brasil.
Conhecida
por primeira médica negra do Brasil. Professora universitária especialidade clínica
geral e obstetrícia Maria também foi a primeira professora negra da Faculdade
de Medicina da Bahia, conquistando o feito 32 anos depois de Alfredo Casemiro
da Rochater se tornado o primeiro médico negro da história do Brasil em 1877.
Era
filha do médico branco José Pereira Teixeira e de Josephina Luiza Palma, mulher
negra cuja mãe havia sido escravizada e depois alforriada. Aos 13 anos, deixou
a cidade onde morava para estudar no Ginásio da Bahia, em Salvador, espaço das
elites de homens brancos da capital. Lá, ela se graduou em Ciências e Letras,
formação na época para seguir no magistério, e aprendeu francês, grego e latim.
Em 1904, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, tendo como tutor o irmão
Joaquim Pereira Teixeira, que havia ingressado no curso dois anos antes.
Ela
se formou em 15 de dezembro de 1909, ano em que no Brasil as mulheres ainda não
podiam sequer votar. Nesse ano, a Lei Áurea, que marcou o fim da escravidão na
lei, tinha apenas 21 anos desde sua promulgação. Esse contexto tornava a
presença de Maria Odília Teixeira, uma mulher e negra, na faculdade de medicina
um fato extraordinário. Ela foi a única mulher em uma turma com mais 47 homens.
Foi a sétima mulher graduada em medicina pela Faculdade da Bahia, e a primeira
diplomada no século XX. Em sua tese, “Algumas considerações acerca da
curabilidade e do tratamento das Cirrhoses Alcoólicas”, Maria Odília Teixeira
abordou a cirrose alcoólica, fugindo dos estereótipos relacionados aos estudos
do alcoolismo, que o vinculavam à raça e a primeira entre as mulheres que fugia
de temas ligados à ginecologia e à pediatria.
Após
formar-se, voltou para Cachoeira, onde começou a atuar. No início, muitos dos
atendimentos eram tutelados pelo pai, irmão ou outro médico. Depois, passou a
atuar sozinha, tendo uma clientela majoritariamente feminina. Cinco anos após a
formatura, em 1914, foi convidada a voltar a Salvador para dar aulas de Clínica
Obstétrica, tornando-se a primeira professora negra da Faculdade de Medicina da
Bahia. Ela deixou a docência, porém, em 1917, para cuidar do pai que estava com
a saúde deteriorada. Primeiro voltou a Cachoeira e depois seguiu com a família
para Irará, no sertão baiano, em busca de uma melhora na saúde do pai.
Foi
ali que conheceu seu futuro marido, Eusínio Gaston Lavigne (1873-1973),
advogado de família tradicional de cacauicultores de Ilhéus, no sul da Bahia.
Casaram-se na casa de seu irmão, Tertuliano Teixeira, em Irará, aos 37 anos -
idade considerada avançada para o casamento de uma mulher na época. Quando
Eusínio, um branco, avisou a família que casaria com uma mulher negra seus
familiares acharam que era mentira. Os parentes de Eusínio não compareceram ao
casamento. Teixeira não demorou a sentir o preconceito da família do marido e
da sociedade ilheense quando chegou à cidade.
Ela
encarou os feitos da ditadura do Estado Novo e defendeu sua família, em Ilhéus,
em 1937, quando o seu marido Eusínio Gaston Lavigne teve o seu mandato de
prefeito destituído. Quase trinta anos depois, em 1964, sofreu com a prisão de
seu companheiro durante a ditadura militar. Depois do casamento, Teixeira
decidiu deixar a medicina para se dedicar à família e teve dois filhos. A
família mudou-se, então, para Salvador. Na década de 1950, Teixeira escreveu
uma carta defendendo o legado do pai, desmerecido no livro Teixeira Moleque, do
deputado e médico Rui Santos. Teixeira morreu aos 86 anos, em 1970. Seus
descendentes, filhos, netos e bisnetos, também se tornaram médicos.
Fontes
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