Olá pessoal!
Estava passeando pelo Instagram e vi um pequeno resumo sobre
a história da camisa feminina e lógico que dei uma aprofundada na pesquisa.
Eu particularmente não uso camisa, embora tenha várias no
armário.
Vamos a história.
A camisa percorreu uma trajetória dentro
do guarda-roupa feminino, na qual passou de veste apropriada para o uso no
trabalho a um clássico adequado a diversas ocasiões e ambientes. No século XIX
a camisa branca, conhecida por chemise, era longa, descia até o joelho e era
usada como peça de baixo. Foi com o surgimento do tailleur em 1880 que as
mulheres começaram a desfrutar das camisas brancas e a exibi-las.
Esse traje foi concebido para vestir
governantas, datilógrafas e balconistas: as mulheres trabalhadoras tinham a
necessidade de roupas mais funcionais. A camisa branca do início do século era
de “estilo eduardiano”, com nervuras, arremates e entremeios de renda e muitos
bordados. No final da década de 1910, as rendas e os enfeites da era eduardiana
eram consideradas antiquadas. Na virada do século XX, a camisa branca, usada
com a saia rodada, era peça fundamental do guarda roupa das mulheres
norte-americanas.
A emancipação feminina no século XX
desempenhou um papel importante na transformação da moda criada e usada para
este público. Mas foi graças a grande estilista Coco Chanel que a camisa branca
se tornou uma peça definitivamente indispensável para as mulheres. Chanel foi
uma das primeiras mulheres a reconhecer o atrativo da camisa simples, branca,
de estilo colegial, percebendo que ficava melhor com roupas simples e
inspiradas no guarda roupa masculino. Combinada com os costumes simplificados
dos anos de guerra, a camisa branca simples tornou-se uma marca registrada do
novo modo de vestir.
Após a I Guerra Mundial, as vestimentas
femininas sofrem grandes transformações. A qualidade da roupa passou a ter mais
importância que os seus brocados e detalhes. As saias ficaram mais amplas, a
alfaiataria masculina teve muita influência nas camisas femininas e nos taillers,
que eram roupas de viagem e de cavalgada. Os chapéus ficam menores e ostentam
menos adereços.
Em
1920, a camisa clássica branca “aderiu” ao estilo marinheiro, folgada no corpo
e terminada em uma faixa branca e larga que envolvia os quadris. Esta camisa
fazia um estilo esportivo, informal e era usada na prática de esportes como
tênis e golfe. Em 1926 o estilo “camisa e gravata” foi associado a mulheres
intelectuais, como as do chamado grupo de Bloomsbury. Durante o período do
pós-guerra, com o anseio de emancipação das mulheres, surgiu o estilo andrógino
ou à la garçonne, que incorporava elementos masculinos, desta vez, a camisa
branca vinha acompanhada de terno e gravata.
Na década 30 predominam na moda
influências de estrelas do cinema. Era uma época de produção, invenção e
criação cultural intensas, e a camisa branca também estava presente, ainda
simples, representada em grande estilo pela atriz Katherine, Hepburn
e Greta Garbo.
Em 1952 surgiu uma versão da camisa branca
conhecida como “blusa Bettina”: criada por Givenchy, possuía gola reversível e
mangas largas cobertas com babados. Nesta época, pós Segunda Guerra Mundial, a
mulher começa a conquistar sua independência e, com isso, nas décadas seguintes
a camisa se tornou uma peça básica e significativa dentro do guarda-roupa
feminino. No início dos anos 60 a camisa branca era um estilo mais colegial. A
década foi marcada pelo fim da moda única, passando a ter várias propostas e
uma forma de se vestir cada vez mais ligada ao comportamento.
A década de 70 foi marcada por uma
aceleração considerável na moda: foi uma época de grandes transformações e
“antimoda” era a palavra-chave. No início dos anos 80, ganha ombreiras e volta
a ser um uniforme de trabalho, trazendo agora referências do “estilo eduardiano”
(com rendas, bicos e babados), passando uma aura de romantismo. Já em meados da
década, ela não teve tanta força, pois o mercado estava voltado para as cores.
No entanto, ainda mantém uma certa reputação de bom gosto e austeridade: em
1988, por exemplo, é mostrada como tal no filme Uma secretária de futuro, onde
a estrela —junto com outras mulheres bem sucedidas— aparece usando camisa
branca e tailleur escuro.
No começo dos anos 90 a camisa branca
volta ao mercado com força, pois empresas produziram uma volta à roupa básica,
tanto sexy como estilosa. Por volta de 1998, dois estilistas, Marc Jacobs e
Narciso Rodrigues, desenvolveram as suas versões dessa peça, lançando propostas
modernas com combinações autorais.
Diane Keaton celebrizou, e de certa
forma inaugurou oficialmente o tomboy, com um figurino
que incluía camisas brancas de shape masculino, coletes,
sobreposições, alfaiataria, levando seus figurinos a se tornarem referência de
estilo e de moda. Das telas do cinema para as ruas, o visual da atriz definiu
um novo jeito de usar peças que ainda tinham uma identificação muito forte com
o guarda-roupa dos homens.
Isso foi em 1977, no filme Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall). O longa de Woody Allen foi um sucesso de bilheteria, público e crítica.
O figurino tomboy da atriz tornou-se
uma referência, e isso tinha muito a ver com as mudanças de comportamento da
época, que começaram lá atrás com as sufragistas
e seus ‘terninhos’ de saia longa + paletó + camisa branca, com Coco Chanel e
suas camisas + calça comprida, com os fraques e ternos de Dietrich.
Camisa, colete, calça em alfaiataria e gravata foram também um jeito de
reafirmar uma nova mulher: independente, dona de
suas vontades e disposta a desafiar padrões de vestuário. Diane
Keaton que decidiu usar peças de seu próprio guarda-roupa, e algumas do
estilista Ralph Lauren.
Fontes
https://miriamlima.com.br/imagem-e-roupa/camisa-significados-muito-alem-de-uma-peca-chave/
https://www.facebook.com/baumgarten.camisas/posts/385871751518028/
http://www.faculdadesenacpe.edu.br/encontro-de-ensino-pesquisa/2011/II/anais/comunicacao/001_2008_oral.pdf
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