História da camisa feminina. - RENATA FONSECA

quarta-feira, 8 de março de 2023

História da camisa feminina.

Olá pessoal!

Estava passeando pelo Instagram e vi um pequeno resumo sobre a história da camisa feminina e lógico que dei uma aprofundada na pesquisa.

Eu particularmente não uso camisa, embora tenha várias no armário.

Vamos a história.

A camisa percorreu uma trajetória dentro do guarda-roupa feminino, na qual passou de veste apropriada para o uso no trabalho a um clássico adequado a diversas ocasiões e ambientes. No século XIX a camisa branca, conhecida por chemise, era longa, descia até o joelho e era usada como peça de baixo. Foi com o surgimento do tailleur em 1880 que as mulheres começaram a desfrutar das camisas brancas e a exibi-las.

Esse traje foi concebido para vestir governantas, datilógrafas e balconistas: as mulheres trabalhadoras tinham a necessidade de roupas mais funcionais. A camisa branca do início do século era de “estilo eduardiano”, com nervuras, arremates e entremeios de renda e muitos bordados. No final da década de 1910, as rendas e os enfeites da era eduardiana eram consideradas antiquadas. Na virada do século XX, a camisa branca, usada com a saia rodada, era peça fundamental do guarda roupa das mulheres norte-americanas.

A emancipação feminina no século XX desempenhou um papel importante na transformação da moda criada e usada para este público. Mas foi graças a grande estilista Coco Chanel que a camisa branca se tornou uma peça definitivamente indispensável para as mulheres. Chanel foi uma das primeiras mulheres a reconhecer o atrativo da camisa simples, branca, de estilo colegial, percebendo que ficava melhor com roupas simples e inspiradas no guarda roupa masculino. Combinada com os costumes simplificados dos anos de guerra, a camisa branca simples tornou-se uma marca registrada do novo modo de vestir.

Após a I Guerra Mundial, as vestimentas femininas sofrem grandes transformações. A qualidade da roupa passou a ter mais importância que os seus brocados e detalhes. As saias ficaram mais amplas, a alfaiataria masculina teve muita influência nas camisas femininas e nos taillers, que eram roupas de viagem e de cavalgada. Os chapéus ficam menores e ostentam menos adereços.

 Em 1920, a camisa clássica branca “aderiu” ao estilo marinheiro, folgada no corpo e terminada em uma faixa branca e larga que envolvia os quadris. Esta camisa fazia um estilo esportivo, informal e era usada na prática de esportes como tênis e golfe. Em 1926 o estilo “camisa e gravata” foi associado a mulheres intelectuais, como as do chamado grupo de Bloomsbury. Durante o período do pós-guerra, com o anseio de emancipação das mulheres, surgiu o estilo andrógino ou à la garçonne, que incorporava elementos masculinos, desta vez, a camisa branca vinha acompanhada de terno e gravata. 

Na década 30 predominam na moda influências de estrelas do cinema. Era uma época de produção, invenção e criação cultural intensas, e a camisa branca também estava presente, ainda simples, representada em grande estilo pela atriz Katherine, Hepburn e Greta Garbo.

Em 1952 surgiu uma versão da camisa branca conhecida como “blusa Bettina”: criada por Givenchy, possuía gola reversível e mangas largas cobertas com babados. Nesta época, pós Segunda Guerra Mundial, a mulher começa a conquistar sua independência e, com isso, nas décadas seguintes a camisa se tornou uma peça básica e significativa dentro do guarda-roupa feminino. No início dos anos 60 a camisa branca era um estilo mais colegial. A década foi marcada pelo fim da moda única, passando a ter várias propostas e uma forma de se vestir cada vez mais ligada ao comportamento.

A década de 70 foi marcada por uma aceleração considerável na moda: foi uma época de grandes transformações e “antimoda” era a palavra-chave. No início dos anos 80, ganha ombreiras e volta a ser um uniforme de trabalho, trazendo agora referências do “estilo eduardiano” (com rendas, bicos e babados), passando uma aura de romantismo. Já em meados da década, ela não teve tanta força, pois o mercado estava voltado para as cores. No entanto, ainda mantém uma certa reputação de bom gosto e austeridade: em 1988, por exemplo, é mostrada como tal no filme Uma secretária de futuro, onde a estrela —junto com outras mulheres bem sucedidas— aparece usando camisa branca e tailleur escuro.

No começo dos anos 90 a camisa branca volta ao mercado com força, pois empresas produziram uma volta à roupa básica, tanto sexy como estilosa. Por volta de 1998, dois estilistas, Marc Jacobs e Narciso Rodrigues, desenvolveram as suas versões dessa peça, lançando propostas modernas com combinações autorais.

Diane Keaton celebrizou, e de certa forma inaugurou oficialmente o tomboy, com um figurino que incluía camisas brancas de shape masculino, coletes, sobreposições, alfaiataria, levando seus figurinos a se tornarem referência de estilo e de moda. Das telas do cinema para as ruas, o visual da atriz definiu um novo jeito de usar peças que ainda tinham uma identificação muito forte com o guarda-roupa dos homens.

Isso foi em 1977, no filme Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall). O longa de Woody Allen foi um sucesso de bilheteria, público e crítica.

O figurino tomboy da atriz tornou-se uma referência, e isso tinha muito a ver com as mudanças de comportamento da época, que começaram lá atrás com as sufragistas e seus ‘terninhos’ de saia longa + paletó + camisa branca, com Coco Chanel e suas camisas + calça comprida, com os fraques e ternos de Dietrich.  Camisa, colete, calça em alfaiataria e gravata foram também um jeito de reafirmar uma nova mulher: independente, dona de suas vontades e disposta a desafiar padrões de vestuário. Diane Keaton que decidiu usar peças de seu próprio guarda-roupa, e algumas do estilista Ralph Lauren.

Fontes

https://miriamlima.com.br/imagem-e-roupa/camisa-significados-muito-alem-de-uma-peca-chave/

https://www.facebook.com/baumgarten.camisas/posts/385871751518028/

http://www.faculdadesenacpe.edu.br/encontro-de-ensino-pesquisa/2011/II/anais/comunicacao/001_2008_oral.pdf

 

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